xeque-mate da economia

Inadimplência

Estéfano Barioni
17/05/2022 às 20:27.
Atualizado em 18/05/2022 às 08:07
A inadimplência tem aumentado no Brasil, especialmente devido ao baixo crescimento da renda e à forte elevação da inflação (Divulgação)

A inadimplência tem aumentado no Brasil, especialmente devido ao baixo crescimento da renda e à forte elevação da inflação (Divulgação)

A inadimplência tem aumentado no Brasil, especialmente devido ao baixo crescimento da renda e à forte elevação da inflação. Segundo levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em abril de 2022, quatro em cada dez brasileiros adultos estavam com seus CPFs negativados.

Contas Atrasadas

Essa proporção de pessoas com dívidas atrasadas corresponde a um contingente de quase 62 milhões de pessoas. O valor total das contas atrasadas chega a quase R$ 218 milhões, fazendo com que o valor devido médio seja de pouco mais de R$ 3,5 mil por pessoa inadimplente. Não é um valor pequeno, considerando que o rendimento médio do brasileiro é de R$ 2.690 por mês.

FRASE

"Este seria um mundo muito melhor se mais casais estivessem tão profundamente apaixonados quanto estão endividados."
Earl Wilson, jornalista norte-americano

Perfil

Em relação ao perfil, tanto homens e mulheres se apresentam igualmente endividados. O grupo etário que mais tem participação no contingente de inadimplentes são pessoas entre 30 e 39 anos. Um quarto dos inadimplentes estão nessa faixa etária. São jovens adultos cujas carreiras profissionais foram afetadas tanto pela recessão de 2015 e 2016 como pelo atual momento econômico.

Circunstâncias

Em relação a abril do ano passado, o número de inadimplentes cresceu 5,6% no Brasil. O baixo crescimento econômico e a alta da inflação fizeram com que a renda das famílias encolhesse. O desemprego continua elevado, atingindo 12 milhões de pessoas no país. E para completar, o aumento das taxas de juros complica ainda mais a situação de quem tem dívidas atrasadas.

Distribuição

Os bancos e instituições financeiras lideram os credores das dívidas em atraso, concentrando 58% do total devido. O comércio é credor de 14% do montante em atraso, empresas de água e luz são credoras de 11% e empresas de comunicação (especialmente telefonia celular) são credoras de 10% das dívidas.

Juros

Essa distribuição é negativa, apesar de ser bastante compreensível, pois são os bancos e instituições financeiras que geralmente cobram os juros mais altos sobre as dívidas. Assim, dívidas em atraso com bancos e instituições financeiras tendem a crescer muito depressa. E a situação piora em um cenário de juros elevados e inadimplência crescendo, pois os bancos passam a aumentar ainda mais suas taxas. 

Cartão de Crédito

O cartão de crédito costuma ser o campeão dos juros altos cobrados sobre o saldo devedor. Com taxas de juros totais que giram em torno de 12% ao mês, uma dívida atrasada no cartão de crédito praticamente dobra de tamanho em apenas 6 meses. É um crescimento rápido demais sob qualquer aspecto.

Endividamento

Não há problema nenhum em contrair dívidas. Em qualquer parte do mundo, o uso de empréstimos e financiamentos faz parte de uma vida econômica saudável. A questão principal é não perder o controle do endividamento, tendo sempre em mente a sua capacidade de pagamento, quais os vencimentos das contas a pagar (para não acumular), e o custo das dívidas (taxas de juros).

Endividamento 2

Se existirem dívidas atrasadas, deve-se pagar primeiro aquelas com maiores taxas de juros para evitar a formação de uma bola de neve. Além disso, vale a pena buscar alternativas para o pagamento como, por exemplo, adquirir um empréstimo com taxas mais baixas para pagar a fatura do cartão de crédito que tem juros mais pesados.

Dignidade

Além disso, é preciso entender que a condição de inadimplência geralmente é circunstancial e não diz respeito sobre a dignidade pessoal. Dificuldades financeiras podem acontecer a qualquer um. O que é indigno, é um país que tem 12 milhões de desempregados, com renda desabando e um número crescente de pessoas inadimplentes, reservar quase R$ 5 bilhões do orçamento público para os partidos políticos realizarem suas campanhas eleitorais.
 

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