Inflação (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
O IGP-M de março apresentou quase estabilidade em relação ao mês anterior, com variação positiva de apenas +0,05%. Além da variação mensal, destaca-se mais ainda a variação dos últimos 12 meses deste índice que, encerrado março, registra um acúmulo de somente 0,17% ao ano. No mesmo período do ano passado, o IGP-M teve uma variação mensal de 1,74% e registrava uma alta acumulada de 14,77% em 12 meses.
Aluguel
A baixa variação acumulada pelo IGP-M é uma boa notícia para os locatários, pois o IGP-M trata-se do índice mais utilizado para o reajuste dos contratos de aluguel. Pela legislação, os reajustes dos contratos de aluguel são feitos anualmente e, com o IGP-M tendo uma variação acumulada de apenas 0,17%, os contratos de aluguel que estão fazendo aniversário agora e que têm o IGP-M como índice de reajuste sofrerão aumentos mínimos.
FRASE
"O IGP-M acumulado em doze meses segue em desaceleração e registra a sua menor taxa desde fevereiro de 2018, quando apresentara queda de 0,42%."
André Braz, coordenador dos Índices de Preços da FGV
Aluguel 2
Para se ter uma ideia, com um reajuste desses, um contrato de aluguel no valor de R$ 3.000 por mês passaria a um valor de R$ 3.005 mensais. Trata-se de um aumento irrisório, especialmente quando comparado com variações passadas do IGP-M. Em maio de 2021, no auge da pandemia, o IGP-M chegou a acumular 37% nos 12 meses anteriores. Um aluguel de R$ 3.000 reajustado por esse índice passaria a R$ 4.110 mensais.
Resposta
Da mesma forma que o IGP-M teve uma elevação muito intensa e muito rápida com as restrições provocadas pela pandemia, esse índice também reagiu mais rapidamente ao novo cenário, com a reabertura da economia e a alta dos juros, recuando com grande intensidade. O IPCA, por outro lado, teve uma elevação mais lenta e não superou os 13% ao ano, mas tem sido mais duradouro e persistente, demorando a responder ao aperto monetário.
Inflação
Enquanto o IPCA é um índice de inflação focado no consumo das famílias, o IGP-M é uma média ponderada de três outros índices de preços. A maior participação vem do Índice de Preços por Atacado (IPA-M), que representa 60% do IGP-M e se refere à inflação ao produtor. Em seguida temos o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M, com peso de 30%) e o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC-M, com peso de 10%).
Componentes
O Índice de Preços por Atacado (IPA-M) teve queda de -0,12% em março e no acumulado dos últimos 12 meses, já alcança uma variação negativa de -1,72% ao ano. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) teve alta de +4,33% nos últimos 12 meses e o Índice de Custos da Construção (INCC-M) registra elevação de +8,17% nesse mesmo período, puxado especialmente pelos custos de mão-de-obra.
Estágios
Voltando aos preços ao produtor, percebe-se uma dinâmica interessante em relação aos diferentes estágios da produção. Os preços das matérias-primas brutas tiveram, nos últimos 12 meses, queda acumulada de -7,64%, enquanto os bens intermediários apresentam um pequeno recuo de -0,47% e os produtos finais registram alta de +4,02% em 12 meses.
Cadeia
Se analisarmos a variação dos últimos três meses, a maior queda é verificada nos bens intermediários, que tiveram recuo acumulado de -3,09% neste ano, enquanto os produtos finais registram leve alta de +0,36%. Percebe-se que a retomada da estrutura logística e a queda da demanda (causada pelas altas nos juros) já provocaram efeitos nas matérias-primas e esses efeitos estão sendo sentidos agora nos bens intermediários de produção.
Preços
Portanto, existe uma resposta dos preços. No entanto, ainda é incerto quanto tempo demorará para que esses efeitos sejam sentidos nos bens finais e, especialmente, nos preços ao consumidor final. Existem outros fatores que podem amortecer a queda nos preços ao consumidor, como o efeito renda, e a pouca elasticidade de preços em relação aos itens mais básicos, como energia e alimentos.