XEQUE-MATE DA ECONOMIA

IGP-M

Estéfano Barioni
31/03/2022 às 15:49.
Atualizado em 31/03/2022 às 15:49
O IGP-M encerrou o mês de março com alta de 1,74% (Reprodução)

O IGP-M encerrou o mês de março com alta de 1,74% (Reprodução)

O IGP-M encerrou o mês de março com alta de 1,74%. É um valor bastante elevado, mas que infelizmente já tem se tornado comum. Em todos os três primeiros meses deste ano, o IGP-M veio acima de 1%. Nos últimos quatro anos, o IGP-M do mês de março também veio sempre muito elevado, com valores de 1,26% em 2019, 1,24% em 2020, 2,94% em 2021 e 1,74% agora.

Contratos

O IGP-M é o índice utilizado para o reajuste de diversos contratos, como os de aluguel, por exemplo. Além disso, o IGP-M também é considerado no reajuste de algumas tarifas públicas e nos contratos antigos de seguros e de planos de saúde. Por isso, a alta do IGP-M traz grandes impactos na elevação do custo de vida, através da transmissão que realiza para a economia por meio desses contratos.

FRASE

"Ninguém deveria ter que escolher entre pagar o aluguel ou pagar as despesas médicas."

Hillary Clinton, ex-secretária de Estado norte-americana

Composição

O IGP-M é composto a partir de uma média de três outros índices de preços: o Índice de Preços por Atacado (IPA-M, com peso de 60%), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M, com peso de 30%) e o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC-M, com peso de 10%). A letra M ao final de cada um deles significa que todos esses índices são calculados a preços de mercado.

Composição 2

Pela maneira como é calculado, o IGP-M acaba se assemelhando mais a um índice de inflação ao produtor, pois a maior parte do índice reflete a variação de preços no atacado, do que uma inflação ao consumidor. O IGP-M captura aumentos de preços de matérias-primas, produtos agrícolas, insumos da indústria e da construção civil, além dos preços de bens e serviços finais ao consumidor.

IGP-M e Aluguel

Mesmo que o IGP-M não possua um vínculo direto com o setor imobiliário, pois apenas 10% de seu valor refere-se aos custos da construção civil, é o índice tradicionalmente utilizado para reajustar os contratos de aluguel. Essa prática traz algumas distorções para os contratos, pois os reajustes acabam sendo afetados por variações nos preços de matérias-primas, produtos agrícolas e insumos industriais.

IGP-M e Aluguel 2

Como a variação do IGP-M é em grande parte a variação dos preços por atacado, o preço do petróleo, do minério de ferro, e do trigo acabam afetando o valor final do índice e incidindo também nos reajustes dos contratos de aluguel. Para piorar, como esses produtos são commodities, seu valor é influenciado pelo dólar, e o IGP-M acaba absorvendo também desvalorizações do Real.

Tradição

A escolha do IGP-M para o reajuste de contratos como os de aluguel é tradicional e deriva do fato do índice ser apurado por uma instituição independente (a FGV), ter um longo histórico (é calculado desde 1989) e ser um índice muito robusto, pois captura variações de preços de diferentes naturezas. Mas nada impede que os contratos de aluguel sejam feitos com outros índices de referência, como o IPCA.

Maiores Variações

O IGP-M historicamente captura maiores elevações do que o IPCA. Nos últimos 12 meses, contados até fevereiro (mês do último IPCA disponível), a variação do IPCA foi de 10,54%. Já a variação do IGP-M nesse mesmo período foi de 16,12%. Em quase todos os períodos que se possa analisar, especialmente nos maiores horizontes de prazo, o IGP-M acumula maiores altas do que o IPCA.

IGP-M vs. IPCA

Imagine que há 8 anos você tivesse feito um contrato de aluguel no valor de R$ 1.500,00 por mês. Se esse contrato fosse mantido até hoje e fosse reajustado pelo IGP-M, você já estaria pagando R$ 3.153,22. Ou seja, mais do que o dobro do valor original. Se o reajuste fosse feito pelo IPCA, o valor atual desse contrato seria de R$ 2.412,04 mensais.

Indexação

O reajuste pelo IGP-M tende a encarecer os contratos, muitas vezes além do razoável. Aumentos de preços específicos de alguns setores acabam impactando outros setores que não teriam nenhuma relação direta, mas que são afetados por meio de contratos indexados. Estes, por sua vez, também geram impactos no custo de vida em geral.

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