O IGP-M encerrou o mês de março com alta de 1,74% (Reprodução)
O IGP-M de fevereiro, recém divulgado pela FGV, registrou uma forte retração obtendo variação negativa de -0,52% na comparação com janeiro. O resultado é bem diferente da variação do mês anterior e também da variação registrada no mês de fevereiro do ano passado. Nas duas ocasiões o índice ficou praticamente estável, com pequenas variações de +0,07% em janeiro deste ano e de -0,06% em fevereiro de 2023.
Recordes
O IGP-M volta a bater dois recordes, depois de ter quebrado outros dois recordes no ano passado. Em junho de 2023, o IGP-M registrou sua maior variação negativa mensal da história, com -1,93%, e em julho atingiu sua maior retração acumulada em doze meses, chegando a -7,72% ao ano. Agora, o IGP-M registra a maior variação negativa da história para um mês de fevereiro e a maior retração para um início de ano, com queda acumulada de -0,45% em dois meses.
FRASE
"O melhor jeito de ter uma boa ideia é ter um monte de ideias."
Linus Pauling, cientista norte-americano
Acumulado
Com o resultado do mês passado, o valor do IGP-M acumulado nos últimos doze meses volta a cair, avançando ainda mais no campo negativo. Agora, a variação do IGP-M acumulada em doze meses é de -3,76% ao ano (o valor mais baixo já acumulado em um mês de fevereiro). Em fevereiro do ano passado, a variação acumulada nos doze meses anteriores estava em +1,86% ao ano.
Atacado
Em fevereiro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - índice que representa 60% da variação do IGP-M - apresentou uma forte variação negativa de -0,90%, tendo sido o componente responsável pela retração mensal do IGP-M. Em janeiro, o IPA havia ficado quase estável, com leve queda de -0,09%. No acumulado dos últimos doze meses, o IPA continua com uma forte variação negativa de -6,44% ao ano.
Estágios de Produção
Na variação mensal, os produtos industriais tiveram queda de -0,43% e os produtos agropecuários apresentaram recuo de -2,19%. Nos diferentes estágios da produção, as matérias-primas tiveram uma importante retração de -2,67% nos preços. Os bens intermediários também tiveram queda (-0,42%) e os bens finais apresentaram alta (+0,35%). Nos últimos doze meses, as matérias-primas acumulam variação negativa de -10,85% enquanto os bens finais se mantêm quase estáveis (-0,06%).
Índices
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de +0,53% no mês e acumula elevação de +3,53% nos últimos doze meses, com maiores destaques para gastos nas áreas de saúde (+5,14%) e despesas diversas (+4,99%). Os gastos com alimentação registraram alta de +1,09% no mês. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve variação de +0,20% em fevereiro, com alta acumulada de +3,23% nos últimos doze meses.
Alimentos
Embora o fenômeno El Niño tenha atrapalhado algumas safras, não houve uma queda generalizada na produção agrícola brasileira, de modo que não foi gerada pressão adicional no preço dos alimentos. Além disso, no mês de fevereiro verificou-se um aumento mundial na oferta de grãos, fazendo os preços desses produtos caírem. O preço da soja teve queda de -14,2% no mês e o milho apresentou redução de -7,1%.
Variações
Os aumentos mais significativos do mês vieram de alguns alimentos in natura como a batata-inglesa (+20,7%), a banana (+12,5%) e a laranja (+8,1%). Também apresentaram aumentos relevantes o ensino fundamental (+2,4% no mês) e condutores elétricos (+2,3%). Entre as principais quedas, além dos grãos e alguns de seus derivados (como óleo e farelo de soja), ocorreram reduções importantes na passagem aérea (-4,8%) e no minério de ferro (-1,2%).
Inflação
Por sua natureza de cálculo, o IGP-M captura variações de itens de diferentes naturezas, como commodities, insumos industriais, serviços e produtos finais, além de preços ao consumidor, mas sofrendo maior influência dos custos ao produtor. Dessa vez, foram as matérias-primas que puxaram o índice para baixo, o que poderá refletir ao longo da cadeia produtiva, mantendo este índice em baixos níveis durante alguns meses.