EDITORIAL

Homenagem aos 'pais da Independência'

Do Correio Popular
07/09/2022 às 11:40.
Atualizado em 07/09/2022 às 11:40
Não fosse a visão política e estratégica de Bonifácio, o país, hoje, estaria fragmentado em diversas repúblicas independentes (José Cruz/Agência Brasil)

Não fosse a visão política e estratégica de Bonifácio, o país, hoje, estaria fragmentado em diversas repúblicas independentes (José Cruz/Agência Brasil)

Uma intrincada rede de interesses políticos, ideológicos e econômicos moldou uma alma antipatriótica, que menosprezou o heroísmo dos "pais fundadores" do país, entre eles o naturalista, estadista e poeta, José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência. Ao longo do tempo, imprimiu-se nos livros de História, um Brasil idílico, quase patético. Por décadas, fomos acostumados a enxergar os acontecimentos por um ângulo míope e enviesado, como o episódio do 7 de Setembro, em que Pedro I surge pomposamente montado em seu cavalo branco, retratado por Pedro Américo em sua tela esplendorosa, intitulada o Grito do Ipiranga, em exposição permanente no Museu Paulista em São Paulo. Na verdade, segundo historiadores, o príncipe-regente proclamou a independência do Brasil em trajes cobertos de lama e poeira, parecendo mais um humilde tropeiro do que um futuro imperador.

Um mergulho em recortes de jornais da época, documentos oficiais, especialmente em atas de reuniões de lojas maçônicas, mostra que o trono brasileiro nasceu sustentado pela influência das oligarquias rurais, que exigiam garantias de manutenção da escravidão, o que, de fato, sucedeu-se por quase todo o período monárquico. No cenário externo, pesava a pressão da coroa britânica, que cobrava a abertura dos portos nacionais, numa compensação à escolta armada que os ingleses prestaram à travessia marítima da realeza lusitana pelo Oceano Atlântico, rumo ao Brasil. Assim, D. João VI realizou a proeza épica e inédita de transferir uma corte europeia inteira ao continente americano, dando um "xeque-mate" em Napoleão Bonaparte.

Embora esses feitos sejam memoráveis e importantes para a separação do Brasil de Portugal, o caminho já vinha sendo trilhado há quase um século. Para isso, a atuação dos maçons foi decisiva. Ao contrário do que omitem os livros, a nossa emancipação custou a liberdade e a vida de muitas pessoas em sangrentas guerras. É preciso resgatar a narrativa e enaltecer os seus heróis. Um deles, sem dúvida, foi o maçom José Bonifácio - signatário da criação do Grande Oriente do Brasil e seu primeiro grão-mestre em 17 de junho de 1822. Não fosse a visão política e estratégica de Bonifácio, o país, hoje, estaria fragmentado em diversas repúblicas independentes, a exemplo da América espanhola. Temos o direito e a oportunidade de aprender com os nossos erros e acertos, visto que é justamente nos momentos mais cruciais e difíceis que a nossa história deve ser lembrada e estudada. Viva o bicentenário da Independência!

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