Gás Natural (Agência Petrobras)
Com o verão no hemisfério norte chegando ao fim e as temperaturas gradualmente começando a cair, o continente Europeu se prepara para atravessar um difícil período de restrição energética. O continente tem uma grande dependência energética do gás natural, que é utilizado tanto para geração elétrica como para aquecimento, e existem planos de substituir o principal fornecedor, a Rússia, devido ao conflito na Ucrânia.
Impactos
A questão é bastante relevante, pois não afetará somente o mercado internacional de petróleo e gás, mas também o ritmo da economia como um todo. Mesmo que o principal parceiro comercial do Brasil seja a China, a Europa tem uma grande importância no cenário econômico, seja pelas trocas comerciais diretas como pelos impactos comerciais indiretos causados pelo comércio internacional.
FRASE
“Dependendo do tipo de gargalo, pode ser necessário reduzir o fornecimento de gás a quase zero para um grande número de pequenos consumidores finais".
Klaus Muller, chefe da Agência de Energia Alemã
Impactos 2
A Europa é um grande mercado consumidor. A União Europeia é o segundo maior mercado internacional, logo após os Estados Unidos. Na economia global, de maneira bastante simplificada, o Brasil assumiu o papel de fornecedor de matérias-primas e commodities, a China realiza grande parte da produção mundial, e Estados Unidos e Europa são os grandes mercados consumidores. Se um elo dessa corrente tem um desempenho ruim, os outros também são impactados.
Substituição
Nas últimas décadas, a Europa fez um esforço para aumentar o uso do gás natural. A ideia era substituir o carvão e outras formas poluentes de geração de energia. Embora o gás natural também seja um combustível fóssil, a sua queima é mais eficiente e limpa quando comparada ao carvão e ao óleo combustível, produzindo menos emissões de CO2 por unidade de energia gerada. Critérios energéticos e ambientais favoreceram a substituição.
Dependência
No entanto, nesse processo, a Europa tornou-se bastante dependente do gás natural, sem ter grandes reservas próprias desse insumo. Atualmente, mais de 83% do consumo de gás natural do continente europeu depende da importação do recurso. Além disso, a Rússia é responsável por abastecer 40% de todo o consumo de gás natural realizado pela Europa. A Rússia também é a maior exportadora de petróleo e de carvão para o continente.
Dependência 2
Por conta do conflito na Ucrânia, o fornecimento desses produtos energéticos da Rússia para a Europa tem sofrido restrições. A Europa planeja até o fim do ano interromper todas as importações de energia da Rússia, mas assim como uma dependência desse porte não se altera da noite para o dia, uma operação de substituição dessas também não sai de graça.
Escassez
O envio de gás natural da Rússia para a Alemanha já foi reduzido para 20% da capacidade total, ao mesmo tempo em que os países buscam estocar o recurso para os meses do inverno. Com a escassez do recurso, os preços da energia explodiram no continente. Fornecedores alternativos estão sendo desenvolvidos para suprir a Europa com gás natural liquefeito (GNL).
Escassez 2
Para evitar um grande choque na economia europeia, um programa de redução do consumo energético está sendo implantado. Alguns países estão mais vulneráveis do que outros nessa situação, pois são mais dependentes do gás russo, mas se não houver gás suficiente, uma escolha terá que ser feita entre abastecer a indústria e fornecer aquecimento residencial. Dificilmente a economia europeia não sofrerá danos importantes.
Riscos
Nesse cenário, o Brasil pode sofrer os reflexos de uma significativa redução da atividade econômica europeia, seja diretamente ou indiretamente, nas relações comerciais que temos com outros países. Além disso, fica a importante lição de que, mesmo em um mundo globalizado onde praticamente qualquer produto pode ser adquirido no mercado internacional, é muito arriscado ter uma grande dependência de insumos ou recursos que são fornecidos externamente.