Fundos de Investimento (Divulgação)
Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) chama a atenção para um novo risco em potencial para a estabilidade da economia global. Não se trata de uma nova variante do coronavírus, ou da inflação global, do preço do petróleo, ou ainda mesmo da guerra na Ucrânia. Para o FMI, um risco potencial para a economia está nos fundos de investimento abertos. Ou, para ser mais preciso, está na liquidez destes fundos.
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Os fundos de investimento são instrumento muito comuns através dos quais os investidores podem aplicar seu dinheiro em vários ativos de diferentes naturezas. Funcionam como uma espécie de "condomínio", em que os investidores adquirem quotas em quantidade proporcionais ao montante investido individualmente.
Todo o capital reunido é aplicado em ativos que podem ser títulos de dívida pública, títulos de dívida privada (debêntures), ações ou ainda ativos de outras naturezas.
FRASE
" Os sistemas e controles de gerenciamento de risco podem desencorajar ou limitar certas oportunidades de geração de receita."
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
Acessibilidade
A grande vantagem dos fundos é permitir que pequenos investidores tenham acesso a alguns ativos que exigem grandes volumes de recursos para aplicação e que, de outra forma, não estariam disponíveis a esses investidores individuais. Por exemplo, um título com valor individual de $ 1 milhão seria acessível a poucos investidores, mas quando estes se reúnem em um fundo, conseguem o montante para aplicar nesse título.
Abertura
Esses fundos são chamados de fundos abertos quando os investidores são livres para entrar ou sair, diariamente ou em um prazo muito curto, comprando ou resgatando suas quotas. E é essa característica que pode ser problemática para a estabilidade do setor financeiro, especialmente para alguns fundos que aplicam seus recursos em ativos mais arriscados.
Valor
Nesses fundos, o valor das quotas é calculado diariamente de acordo com o retorno oferecido pelos ativos onde o fundo aplicou os recursos e também de acordo com a entrada e saída de capital, conforme investidores realizam novas aplicações ou solicitam resgates. No entanto, como são fundos abertos, pode haver um descasamento entre a valorização dos ativos, que gera recursos para o fundo, e os pedidos de resgate.
Liquidez
Um fundo que aplique em ativos líquidos como títulos da dívida pública pode não ter problema em fazer frente aos eventuais pedidos de resgate. No entanto, fundos que aplicam em títulos de dívida corporativa não tão líquidos podem enfrentar dificuldades em converter esses títulos em dinheiro no tempo adequado. Ou ainda podem ter que vender títulos com desconto para atender aos resgates, prejudicando os outros investidores que ficaram.
Liquidez
Imagine que você comprou um prédio de salas comerciais junto com outros 100 investidores. As salas geram aluguéis e o valor investido vai aumentando (valor do imóvel + aluguéis acumulados). Então alguns dos sócios decidem vender a parte deles. Talvez o aluguel acumulado não seja suficiente para cobrir esse resgate. Algumas salas podem ter que ser vendidas. Se o processo tiver que ser rápido, a venda será desfavorável e os investidores restantes serão prejudicados.
Instabilidade
Quando esse processo se inicia, o fundo começa a perder valor e pode gerar uma corrida de investidores solicitando resgates, pois os últimos serão os mais prejudicados. As vendas apressadas podem desestabilizar o preço dos ativos, gerando ondas de instabilidade que podem se propagar para outros setores, chegando até a economia real.
Tamanho
O grande perigo é que os fundos abertos corporativos se expandiram muito nos últimos anos e já ultrapassaram US$ 40 trilhões em valor de patrimônio. Isso equivale a pouco menos da metade do PIB mundial do ano passado, ou seja, à metade de toda a riqueza produzida no mundo em 2021. Assim, o potencial de perturbação econômica é grande.