xeque-mate da economia

Fórum Econômico Mundial

Estéfano Barioni
28/05/2022 às 17:47.
Atualizado em 29/05/2022 às 11:00
O Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, reuniu líderes mundiais, economistas e empresários (Divulgação)

O Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, reuniu líderes mundiais, economistas e empresários (Divulgação)

Durante a semana que se encerrou, aconteceu o encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Nesse encontro, líderes mundiais, economistas e empresários discutiram o cenário econômico atual e, o que é ainda mais importante, os rumos da economia mundial e as perspectivas para os próximos anos. 

Globalização

Um dos tópicos mais discutidos durante o encontro foi o da globalização, e a necessidade que parece cada vez mais urgente de remodelar esse conceito que moldou as últimas décadas de transações comerciais e até mesmo de geopolítica. Os mercados abertos e o comércio livre que trariam desenvolvimento e crescimento econômico encontram cada vez mais obstáculos. 

FRASE

"Ficamos de fora da festa. Houve uma festa de 30 anos de globalização. Todos aproveitaram."
Paulo Guedes, Ministro da Economia

Pandemia

Um dos fatores que colocaram em xeque o conceito da globalização foi a pandemia e os seus impactos sobre as cadeias globais de produção. Com fechamentos distribuídos pelo mundo e as muitas dificuldades logísticas que se seguiram, as cadeias globais de fornecimento acabaram se tornando um veículo de contágio econômico, paralisando a produção em nível mundial. 

Regionalização

A instabilidade das cadeias globais de valor traz estímulos a um movimento de regionalização da produção, de modo a diminuir a dependência de fornecedores externos e a exposição a riscos internacionais. Assim, busca-se internalizar atividades que haviam sido repassadas a uma cadeia de valor internacional e geograficamente pulverizada.

Guerra

Mais recentemente, a guerra na Ucrânia tem trazido instabilidade aos mercados internacionais, estimulando disputas econômicas entre os países. A utilização de instrumentos financeiros e até do comércio como uma espécie de "arma econômica" tende a aumentar o isolamento entre os países, alterando o cenário econômico mundial e fomentando o nacionalismo.

Riscos

O sentimento geral do encontro foi o de que a perspectiva de uma economia cada vez mais fragmentada, com países mais isolados e voltados para dentro de si ou, no máximo, negociando com poucos parceiros comerciais e econômicos, oferece mais riscos para o desenvolvimento do que uma possível recessão econômica mundial. 

Alianças

Nesse cenário de conflito geopolítico, uma tendência possível é que a economia se torne cada vez mais fragmentada, com os países se organizando em blocos definidos por alianças políticas e militares e cada vez menos motivados para o desenvolvimento de acordos de cooperação econômica entre as nações.

Cooperação

É claro que se pode dizer que a cooperação econômica nunca existiu de fato ou nunca foi suficiente. E isso é verdade. Embora a globalização e a intensificação do comércio internacional tenham possibilitado a geração de riqueza de um modo geral, nem sempre essa riqueza foi adequadamente distribuída ao redor do mundo.

Made in China

Houve claramente vencedores e perdedores com o processo de globalização. A China foi um grande vencedor, aproveitando a intensificação do comércio internacional, especialmente após os anos 1990, tornando-se o maior fornecedor industrial de produtos de baixo custo. Uma grande parte do que é industrializado no mundo é "Made in China". 

Brasil

O Brasil pegou carona com o crescimento chinês, especialmente durante a primeira década dos anos 2000. No entanto, enquanto a China continuou crescendo vigorosamente, o nosso impulso de grande crescimento durou pouco, em grande parte porque nos reservamos o papel de produtores de matérias primas e commodities básicas, de baixo valor agregado.

Queda

Ainda é cedo para decretar o fim da globalização. O comércio internacional ainda é vigoroso e as principais economias do mundo dependem de mercados abertos para funcionar com eficiência. Mas talvez novos arranjos e uma nova organização econômica tenha que acontecer. Que o Brasil não fique novamente com o papel de coadjuvante. 
 

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