Filhos (Divulgação)
Uma pesquisa realizada recentemente pelo INSPER revelou o que todos já sabíamos: criar filhos definitivamente não é um empreendimento que sai barato. A diferença é que o estudo realizado pela instituição de ensino e pesquisa quantificou os valores e o resultado surpreendeu pelas somas finais que a criação de um filho pode custar. No fim das contas, o total pode ser mais caro do que muitos de nós imagina.
Despesas
Esse estudo levantou os valores gastos com educação, alimentação, saúde, vestuário, entretenimento e todas as despesas necessárias para a manutenção dos filhos desde o nascimento até os 24 anos. Essa idade foi escolhida por ser mais ou menos quando os filhos se formam na faculdade e começam a trabalhar e conquistam a independência financeira. Quando eles iniciam trabalhos antes disso, normalmente não ganham o suficiente para sem independentes.
FRASE
“Os altos custos da educação estão criando uma sociedade onde o conhecimento é um privilégio, não um direito."
Paulo Freire, educador brasileiro
Renda
Na classificação utilizada, as famílias são divididas em classes A, B e C, de acordo com a faixa de renda. As famílias de classe C são aquelas cuja renda domiciliar mensal varia entre 4 a 10 salários mínimos (R$ 5.200 a R$ 13.000 por mês), as famílias de classe B possuem renda domiciliar mensal entre 10 a 20 salários mínimos (R$ 13.000 a R$ 26.000 por mês), e as famílias de classe A têm renda domiciliar mensal acima de 20 salários mínimos (maior do que R$ 26.000 por mês).
Classe C
As famílias de classe C gastam um total que pode variar entre R$ 480 mil até R$ 1,2 milhão na criação de cada filho ou filha, até que este ou esta chegue à idade de 24 anos. A grande diferença entre os extremos depende do local onde a família habita. Em pequenas e médias cidades o custo de vida geralmente é mais baixo, e o gasto estaria mais perto dos R$ 480 mil. Nas metrópoles, o custo de vida tende a ser mais alto, fazendo com que o gasto total se aproxime mais do R$ 1,2 milhão.
Classes A e B
As famílias de classe B de renda gastam um total entre R$ 1,2 milhão a R$ 2,4 milhões com cada filho até que ele chegue aos 24 anos. Novamente, a localização é um fator importante no montante final de gastos, pois influencia no custo de vida em geral. Finalmente, as famílias de classe A chegam a gastar em torno de R$ 3,6 milhões (ou até mais) na criação dos filhos.
Valores
Todos os valores foram calculados a valores atuais, de modo que a inflação não tenha interferência na soma. Ou seja, a inflação que certamente acontecerá no período, seja ela qual for, irá alterar apenas os valores nominais das despesas pagas mês a mês, mas o valor atual total continuará o mesmo, porque se trata de um valor considerando o poder de compra atual.
Distribuição
Os gastos não são uniformes ao longo dos 24 anos considerados. Nos primeiros anos, as crianças ainda não vão para a escola. Na adolescência, muitos já começam a trabalhar e ter algum dinheiro para atender suas próprias necessidades de consumo. Os gastos dos pais tendem a se concentrar mais quando os filhos estão com idade entre 7 a 14 anos.
Educação
Em geral, as famílias chegam a gastar em média um terço do orçamento familiar com a criação dos filhos. Os gastos com educação são predominantes nos valores totais, o que tem um valor ambíguo. De um lado, isso significa que as famílias valorizam e se empenham muito em financiar a educação dos filhos, o que é bom. De outro lado, com tanta disparidade de renda e de gastos, isso reforça as diferenças em nossa sociedade.
Meritocracia
De um lado temos famílias que podem se permitir gastar mais de R$ 3,5 milhões ao longo da criação dos filhos. De outro lado, famílias que a duras penas gastam pouco menos de meio milhão. Se a maior parte desses gastos está em educação, como esses dois jovens poderão competir no mercado de trabalho, em igualdade de condições? Como podemos falar em meritocracia?