Felizmente, prevaleceu o bom-senso!

Em mais uma demonstração da força de um jornalismo livre e independente, há 95 anos comprometido com as causas e bandeiras da comunidade campineira, o nosso jornal marcou mais um gol de placa ao publicar na edição do último domingo um plano da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado (SAP) de transformar, novamente, a Penitenciária Feminina de Campinas, localizada no bairro São Bernardo, em uma temida unidade prisional para homens. Como esperado, a notícia caiu como uma bomba na vizinhança do presídio, que abrange os bairros do São Bernardo, Vila Industrial, Parque Industrial, Parque Itália, Vila Satúrnia, Vila Aurocan, Parque Beatriz, Jardim Dom Nery, Vila Fortuna e Vila Teixeira. Imediatamente, formou-se uma corrente de ações contrárias às pretensões governamentais, de modo a convencer o governador Rodrigo Garcia a vetar a iniciativa, que, se concretizada, elevaria a tensão na circunvizinhança ao grau máximo e traria enorme descontentamento à população, com reflexos negativos na segurança da área e na desvalorização dos imóveis presentes na região, que se desenvolveu muito nos últimos anos.

Os moradores dessas comunidades mantêm vivos na memória os episódios traumatizantes de fugas e rebeliões, que estigmatizaram a extinta unidade prisional para detentos do gênero masculino nos anos 80 e 90. Quem não se lembra do fatídico dia em que o terror se espalhou na região, com detentos pulando muros de casas e se escondendo nos quintais e garagens das residências, após fugirem em massa do presídio? Para acabar com esse caos, em 2005, o Estado decidiu transformar a antiga cadeia em penitenciária feminina, trazendo paz e sossego ao bairro, dado que não houve mais registros de motins ou de fugas desde então. 

Com um histórico lamentável desses, é natural que a comunidade rejeite, peremptoriamente, qualquer tentativa de retorno a um passado que ninguém se esquece e tampouco deseja reviver. Diante disso, em poucas horas, com a pressão dos moradores, parlamentares e lideranças comunitárias, o governador Rodrigo Garcia sensibilizou-se com o problema e deu ordem para cancelar a péssima e infeliz ideia da SAP de transformar, novamente, a cadeia em cárcere masculino. Felizmente, o bom-senso prevaleceu e a autoridade máxima estadual, diante da forte mobilização comunitária, tomou a decisão mais sensata. O ideal seria não termos mais unidades prisionais em áreas densamente habitadas, como a do São Bernardo, mas o cancelamento desse projeto mal concebido já soa como uma vitória e garante paz e tranquilidade a todos.