xeque-mate economia / por estéfano barioni

Euro e Dólar

Estéfano Barioni
07/07/2022 às 20:03.
Atualizado em 08/07/2022 às 08:42
Nesta semana, o Euro atingiu o seu menor valor frente ao Dólar dos últimos 20 anos (Reprodução)

Nesta semana, o Euro atingiu o seu menor valor frente ao Dólar dos últimos 20 anos (Reprodução)

Estamos prestes a testemunhar um momento significativo na economia mundial, que representará a virada de um ciclo. Nesta semana, o Euro atingiu o seu menor valor frente ao Dólar dos últimos 20 anos. Mantendo a tendência atual, espera-se que muito em breve, provavelmente ainda neste mês de julho, o Euro e o Dólar entrem em paridade. Ou seja, a taxa de câmbio entre o Euro e o Dólar será de 1 para 1. 

Implantação

Desde sua criação, em 1995, a cotação do Euro esteve consistentemente valorizada frente ao Dólar. Apenas em um único período, entre novembro de 1999 e dezembro de 2002, o Dólar foi mais valorizado do que o Euro nas taxas de câmbio. Mas vale lembrar que esse período corresponde ao início da circulação do Euro.

FRASE

"O Euro é um esforço de 50 anos para unir o continente europeu."
Jamie Dimon, CEO do JP Morgan Chase

Implantação 2

Apesar de ter sido criado em 1995, o processo de implantação do Euro foi lento. Em janeiro de 1999, a moeda passou a circular de forma não física, nas transações eletrônicas. Somente em janeiro de 2002 o Euro começou a circular de forma física, em cédulas e moedas, substituindo as moedas nacionais como o Franco (França), o Marco (Alemanha), a Lira (Itália), e a Peseta (Espanha), entre outras.

Diferença

Portanto, desde o primeiro aniversário de circulação física do Euro, quando a moeda europeia já estava consolidada nas transações correntes no velho continente, o Euro nunca esteve atrás do Dólar em termos de valor cambial. Até agora. A maior diferença ocorreu em março de 2008, quando o Dólar equivalia a apenas 0,63 Euros. 

Crise na Grécia

Mas logo em seguida houve a crise financeira mundial que, embora tenha afetado os Estados Unidos primeiro, também teve repercussões na Europa. Esse momento negativo agravou uma crise financeira que já estava em formação na Grécia e que se alastrou por todo o continente europeu, fazendo com que a moeda única perdesse valor. Mesmo assim, o Euro continuou mais valorizado, com um Dólar valendo 0,82 Euros em junho de 2010. 

Paridade

O Dólar começou o ano valendo 0,89 Euros e, nesta semana, o valor da moeda norte-americana alcançou o valor de 0,98 Euros. Espera-se que ainda neste mês a paridade seja alcançada, com 1 Dólar valendo 1 Euro. Esse movimento é reflexo da situação econômica atual, que tem impactado mais fortemente o continente europeu. 

Crescimento

A Europa tem sofrido mais diretamente as consequências da guerra da Ucrânia. Apesar do conflito ter afetado os preços globalmente, contribuindo para a inflação, é a Europa que depende do petróleo e do gás natural russos, e não os Estados Unidos. Além da exploração do mar do Norte, a Europa não produz petróleo e o fornecimento russo sempre foi crítico para o continente. 

Custo da Energia

Com os embargos aos produtos russos, a energia tornou-se extremamente cara na Europa, afetando tanto os preços dos combustíveis, como do gás natural e da energia elétrica. Nos principais países da Europa, o litro da gasolina está custando entre R$ 12 e R$ 13, em valores equivalentes. O aumento dos custos da energia torna-se um obstáculo ao crescimento e a região já tem percebido diminuição no ritmo da atividade econômica. 

Brexit

Além disso, houve também o Brexit em janeiro de 2020. Apesar do Reino Unido nunca ter aderido à moeda comum europeia, sua saída do bloco europeu significou uma diminuição da riqueza do continente, tornando os produtos mais caros de um lado e de outro e diminuindo a intensidade do comércio entre a Grã-Bretanha e o continente.

Juros

Com o avanço da inflação, os Estados Unidos iniciaram a elevação de sua taxa de juros, o que acaba atraindo para a sua renda fixa os investidores internacionais em busca de segurança. Esse movimento fortalece o dólar. A Europa também está enfrentando inflação elevada, mas esta não é causada por superaquecimento da demanda. Assim, um eventual aumento das taxas de juros pode ter apenas o efeito de diminuir a atividade econômica e tirar ainda mais valor do Euro.
 

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