Uma das principais lições do estoicismo é saber diferenciar a experiência externa da interna, ou seja, as nossas interpretações e reações diante daquilo que age sobre nós (Reprodução)
Os grandes mistérios da humanidade, como o surgimento do universo, são desafios imensos. Porém, existem boas chances de que a maioria da população está mais ocupada com as agruras diárias, como as contas a pagar e incertezas da vida. Poucos pensariam em buscar respostas a essas angústias na filosofia. Isso porque, de fato, por se ocupar de grandes questões, ela acaba se distanciando da realidade. O estoicismo faz justamente o contrário. Dois de seus maiores nomes foram personagens diametralmente opostos: Marco Aurélio, imperador romano, e Epicteto, um escravo aleijado. Dois extremos que só se encontram no terceiro grande nome do estoicismo: Sêneca, um dos maiores intelectuais do Império Romano.
Uma das principais lições do estoicismo é saber diferenciar a experiência externa da interna, ou seja, as nossas interpretações e reações diante daquilo que age sobre nós. Basicamente, é o mesmo que separar o que podemos controlar, daquilo que não podemos.
Sobre isso, Marco Aurélio escreve: "Não perca tempo discutindo sobre como um homem bom deveria ser. Seja um". Estamos diante da obra do homem que foi o mais poderoso de seu tempo, considerado o último dos cinco bons imperadores de Roma, que não tinha motivo algum para parar e refletir sobre seus vícios e suas virtudes, mas, ao invés de ser corrompido por tamanho poder, ele se preocupava em ser um homem bom. Os estoicos eram claros quando diziam que o que deve mudar é o nosso processo interno. Sêneca escreve: "Se você quer escapar das coisas que o incomodam, o que você precisa não é estar em um lugar diferente, mas ser uma pessoa diferente. Não podemos fugir de nós mesmos. A qualquer lugar que formos, vamos nos encontrar". Mas será que temos como achar paz de espírito, independentemente das condições externas? De acordo com o Epicteto, a resposta é sim.
O estoicismo não defende a inação perante as injustiças. Eles acreditavam que, para gerar mudanças positivas nos outros, era necessário cultivar as quatro virtudes: coragem, justiça, autocontrole e sabedoria. Como escreveu Marco Aurélio: "Se não for certo, não faça, se não for verdade, não diga". Falando diretamente à nossa geração, ele complementa com um antídoto ao vitimismo: "Escolha não ser atingido e você não se sentirá atingido. Não se sinta atingido e você não terá sido". Uma filosofia que parece não ter envelhecido um ano sequer e que nos mostra o verdadeiro significado do controle da mente sobre a matéria.
