XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Esquerda e Direita

Estéfano Barioni
31/07/2022 às 10:38.
Atualizado em 31/07/2022 às 10:38
Conceito de "Esquerda e Direita" (Divulgação)

Conceito de "Esquerda e Direita" (Divulgação)

Aproveitando a proximidade das eleições, aproveito esse espaço para abordar os conceitos de esquerda e de direita, que são tão mal utilizados na discussão política atual. Atualmente, as imagens da esquerda e da direita são carregadas de estereótipos negativos, sempre projetados pelo lado oposto, fazendo com que a população geral e os eleitores tenham uma má concepção do que realmente seriam políticas e governos de esquerda e de direita.

Conceitos

Para tentar melhorar o entendimento geral eu me proponho aqui a apresentar os conceitos de direita e de esquerda, especialmente no que se refere ao contexto econômico. E tentarei fazer isso da maneira mais didática e imparcial possível, para que o leitor possa refletir sobre os conceitos e desenvolver sua própria opinião de acordo com suas preferências pessoais, sem precisar reproduzir a opinião de terceiros.

FRASE

“Aprendi a respeitar as ideias dos outros, a entender antes de discutir, e a discutir antes de condenar".

Norberto Bobbio, filósofo italiano

Prioridades

Do ponto de vista econômico, a diferença entre a esquerda e a direita se refere nas prioridades com que duas necessidades fundamentais de uma sociedade são perseguidas: fomentar o crescimento econômico e diminuir a desigualdade. Esses dois objetivos são importantes, pois interferem diretamente no bem estar geral da sociedade, mas esquerda e direita dão prioridades diferentes ao enfrentamento desses desafios. 

Direita

Para a direita, o mais importante é fomentar o crescimento e redução da desigualdade pode ficar para um segundo momento. A lógica é simples. Sem crescimento econômico não se consegue fazer nada, não é possível melhorar em nenhum aspecto (educação, saúde, etc.), pois não existem recursos adicionais sendo gerados para que sejam investidos nas melhorias. Primeiro é preciso garantir o crescimento econômico, que tem a prevalência sobre outras necessidades.

Direita 2

Além disso, se o crescimento for pujante o suficiente, pode melhorar a vida de todos, mesmo que a desigualdade cresça. Imagine uma situação desigual em que os 20% mais ricos ganham R$ 100.000 e os 20% mais pobres ganham R$ 500. Suponha que houve crescimento suficiente e agora e os 20% mais ricos ganham R$ 200.000 e os 20% mais pobres ganham R$ 800. Nesse caso a desigualdade aumentou, mas todos, inclusive os mais pobres, estão melhores do que antes.

Esquerda

Ao contrário, a esquerda privilegia a redução da desigualdade, mesmo que isso signifique ter taxas de crescimento econômico menores no curto prazo. A justificativa também é simples. A desigualdade já é tamanha que não é mais tolerável, causando a exclusão econômica de parte significativa da população, produzindo diversos atritos sociais, e até comprometendo o próprio potencial de crescimento de longo prazo.

Esquerda 2

Um país só pode crescer e se desenvolver se tiver um mercado interno forte, caso contrário o crescimento não se sustenta. Como seria possível ter um mercado interno forte e um crescimento econômico pujante se grande parte da população tem um poder de consumo extremamente baixo e participa da economia apenas de forma marginal? 

Políticas

Uma política de transferência de renda como o Bolsa Família, agora chamado de Auxílio Brasil, se apresenta como uma política de esquerda. Realizar a reforma da previdência, buscando dinamizar as relações de trabalho e a própria economia, é uma política de direita. Uma busca atenuar a desigualdade de renda, a outra busca fomentar o crescimento. Esses dois objetivos são muito importantes. O Brasil é um país extremamente desigual e que tem tido um crescimento pífio.

Fundamentos

Esses são os conceitos fundamentais. Ninguém (em sã consciência) é contra o crescimento econômico ou contra a diminuição da desigualdade. Assim como ninguém é contra a propriedade privada ou contra fornecer ajuda a populações carentes. Mas radicalismo existe dos dois lados. Incompetência, corrupção e desonestidade também. E a desonestidade começa já no discurso.

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