XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Endividamento e Confiança

Estéfano Barioni
25/03/2024 às 08:59.
Atualizado em 25/03/2024 às 08:59

Com sucesso do Pix, ferramenta tornou-se obsoleta nos últimos anos (José Cruz/Agência Brasil)

O endividamento público é um tema frequentemente debatido e analisado dentro da esfera econômica, se destacando como um dos indicadores mais relevantes da saúde fiscal de um país. Este é um assunto de grande relevância, sobretudo quando focamos em nações emergentes que, diferentemente de países com moedas fortes e economias desenvolvidas, enfrentam desafios únicos relacionados à sua dívida pública.

Paradoxo

Frequentemente, a discussão sobre o endividamento público evoca o caso de nações como o Japão e a Itália que representariam um cenário paradoxal, com ambos os países apresentando elevadas proporções de dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) - com o Japão ultrapassando a marca de 250% e a Itália rondando 150% de seu PIB. A despeito desses números aparentemente alarmantes, ambas as economias se mantêm relativamente estáveis.

FRASE

"A desconfiança é o câncer da amizade."

Francesco Petrarca, poeta italiano 

Confiança

A estabilidade destes países se deve, em grande parte, à confiança depositada por investidores e instituições nas capacidades que esses países têm de honrar seus compromissos financeiros, bem como à sua posição consolidada no panorama econômico global. O Japão tem o suporte de um forte parque industrial e tecnológico e a Itália, além de ter uma indústria desenvolvida, tem as vantagens comerciais de estar inserida na União Europeia.

Risco

Por outro lado, países emergentes que acumulam dívidas substanciais encontramse em uma posição mais precária. A dívida pública elevada pode acarretar uma série de implicações negativas, mesmo estando em moeda nacional. O endividamento excessivo pode levar a uma percepção de risco maior por parte dos investidores, o que, por sua vez, resulta em custos mais elevados para rolar a dívida existente ou para adquirir novos empréstimos.

Limitações

Esse cenário de endividamento elevado impõe limitações significativas à capacidade dos governos de investir em áreas-chave para o desenvolvimento econômico e social, como infraestrutura, saúde e educação. Adicionalmente, a necessidade de direcionar uma parcela considerável dos recursos públicos para o pagamento de juros e amortizações da dívida restringe ainda mais o espaço fiscal disponível para o desenvolvimento de políticas públicas proativas.

Ciclo

Além disso, o endividamento público elevado e insustentável pode desencadear uma série de consequências adversas, incluindo crises de confiança, fuga de capitais e desvalorizações cambiais abruptas. Esses fatores contribuem para um ciclo vicioso de depreciação da moeda, inflação e ainda mais endividamento, colocando em xeque a estabilidade econômica do país.

Desafio

Para países emergentes, o desafio reside em equilibrar o endividamento público de modo a não comprometer o desenvolvimento econômico de longo prazo. Isso implica em gestão fiscal prudente, reformas estruturais que melhorem a eficiência do sistema tributário e dos gastos públicos, e políticas que fomentem o crescimento econômico sustentável. Investir em setores que possam elevar a produtividade é fundamental para gerar receitas adicionais e, assim, reduzir a dependência de financiamento externo.

Gestão

Enquanto o endividamento público, até certo ponto, é uma ferramenta útil para financiar o desenvolvimento, é imprescindível que os países emergentes adotem estratégias responsáveis de gestão da dívida. Somente assim é possível evitar as armadilhas associadas ao superendividamento e garantir um caminho de crescimento econômico autossustentável para as futuras gerações.

Lição

A lição a ser aprendida com países desenvolvidos de elevado endividamento, mas que mantêm sua estabilidade, é que a confiança e a credibilidade econômica são ativos valiosos. Nações emergentes, como o Brasil, devem se esforçar para construir e manter esses ativos, promovendo políticas fiscais sólidas e transparentes que inspirem confiança nos investidores e parceiros internacionais.

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