Uma das dimensões mais reais da economia está traduzida na taxa de desemprego (Divulgação)
Uma das dimensões mais reais da economia está traduzida na taxa de desemprego. O mercado de capitais pode estar atravessando um momento de grande turbulência, as ações podem estar se desvalorizando, os prêmios de risco subindo, a moeda sofrendo com os fluxos de fuga de capital, mas é o nível de ocupação que mais diretamente impacta a vida das pessoas como um todo.
Economia Real
É claro que o bom desempenho do mercado de capitais e a valorização das ações também influenciam a vida econômica das pessoas, pois permitem às empresas maior geração de recursos que são transformados em investimento e em geração de novos empregos. Assim como a estabilidade da moeda também se relaciona com a estabilidade da economia geral e com o controle da inflação, preservando o poder de compra.
FRASE
"O trabalho é superior ao capital e merece uma consideração muito mais elevada."
Abraham Lincoln, ex-presidente norte-americano
Economia Real 2
Assim, o mercado de capitais e a estabilidade cambial possuem vínculos estreitos com a chamada economia real, ou seja, com os efeitos econômicos que as pessoas sentem no dia a dia quando vão consumir, pagar suas contas e ver o quanto de dinheiro sobrou no fim do mês. Mas é o nível de emprego que produz os efeitos mais diretos e imediatos. Ter ou não um emprego muda tudo na vida de uma pessoa.
Recuperação
O segundo trimestre deste ano foi difícil para a economia. Depois de um começo de ano mais otimista, nos últimos três meses a bolsa de valores brasileira registrou queda de 18% e o Real perdeu pouco mais de 10% em valor frente ao dólar. A taxa de juros foi elevada em mais 1,5 ponto percentual e a inflação superou o nível de 12% ao ano. Mas, apesar de tudo isso, o mercado de trabalho tem se recuperado.
PNAD
O IBGE realiza a medição do nível de ocupação através da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. A pesquisa é realizada continuamente para verificar a evolução e as flutuações trimestrais da força de trabalho e de outros indicadores relevantes para o desenvolvimento socioeconômico do país.
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A taxa de desocupação é avaliada a partir de bases trimestrais móveis. Ou seja, a cada mês são avaliados os dados de desocupação dos três meses imediatamente anteriores, fazendo com que os dados tenham menor flutuação do que um acompanhamento mês a mês. É considerada desempregada a pessoa em idade economicamente ativa (acima de 14 anos), sem ocupação e que está ativamente procurando emprego, sem encontrar.
Taxa de Desocupação
Segundo o último dado disponível, que abrange os meses de março, abril e maio de 2022, a taxa de desocupação em nível nacional caiu para 9,8%. Trata-se de uma redução de 1,4 ponto percentual em relação aos três meses anteriores (dezembro, janeiro e fevereiro) e de uma redução de quase 5 pontos percentuais em relação aos mesmos três meses de 2021, quando a taxa de desemprego era de 14,7%.
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Além disso, é a primeira vez em quase seis anos e meio que a taxa de desemprego fica abaixo de 10%. O nível de 9,8% é a menor taxa de desemprego desde janeiro de 2016. Depois de alcançar 14,9% no auge da pandemia, em setembro de 2020, a taxa de desemprego recuou para níveis abaixo daqueles projetados na tendência pré-pandemia.
Rendimentos
Mas nem tudo são boas notícias. O rendimento médio mensal dos trabalhadores foi de R$ 2.613, o que está 7,2% abaixo do rendimento médio mensal verificado nesse mesmo período do ano passado. Mais da metade do crescimento na ocupação tem sido causada pela geração de empregos informais, o que pode ajudar a explicar a queda nos rendimentos.
Mercado de Trabalho
A evolução do mercado de trabalho tem surpreendido e se mostrado mais positiva do que as melhores projeções. Apesar da queda nos rendimentos médios, estamos em situação melhor em relação ao nível de desocupação do que estávamos antes da pandemia. A economia real tem feito a sua parte. Só esperamos que a condução da economia monetária e fiscal não acabe estragando tudo.