xeque-mate economia / por estéfano barioni

Emprego

Estéfano Barioni
06/07/2022 às 20:51.
Atualizado em 07/07/2022 às 08:29
Uma das dimensões mais reais da economia está traduzida na taxa de desemprego (Divulgação)

Uma das dimensões mais reais da economia está traduzida na taxa de desemprego (Divulgação)

Uma das dimensões mais reais da economia está traduzida na taxa de desemprego. O mercado de capitais pode estar atravessando um momento de grande turbulência, as ações podem estar se desvalorizando, os prêmios de risco subindo, a moeda sofrendo com os fluxos de fuga de capital, mas é o nível de ocupação que mais diretamente impacta a vida das pessoas como um todo. 

Economia Real

É claro que o bom desempenho do mercado de capitais e a valorização das ações também influenciam a vida econômica das pessoas, pois permitem às empresas maior geração de recursos que são transformados em investimento e em geração de novos empregos. Assim como a estabilidade da moeda também se relaciona com a estabilidade da economia geral e com o controle da inflação, preservando o poder de compra. 

FRASE

"O trabalho é superior ao capital e merece uma consideração muito mais elevada."
Abraham Lincoln, ex-presidente norte-americano

Economia Real 2

Assim, o mercado de capitais e a estabilidade cambial possuem vínculos estreitos com a chamada economia real, ou seja, com os efeitos econômicos que as pessoas sentem no dia a dia quando vão consumir, pagar suas contas e ver o quanto de dinheiro sobrou no fim do mês. Mas é o nível de emprego que produz os efeitos mais diretos e imediatos. Ter ou não um emprego muda tudo na vida de uma pessoa.

Recuperação

O segundo trimestre deste ano foi difícil para a economia. Depois de um começo de ano mais otimista, nos últimos três meses a bolsa de valores brasileira registrou queda de 18% e o Real perdeu pouco mais de 10% em valor frente ao dólar. A taxa de juros foi elevada em mais 1,5 ponto percentual e a inflação superou o nível de 12% ao ano. Mas, apesar de tudo isso, o mercado de trabalho tem se recuperado.

PNAD

O IBGE realiza a medição do nível de ocupação através da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. A pesquisa é realizada continuamente para verificar a evolução e as flutuações trimestrais da força de trabalho e de outros indicadores relevantes para o desenvolvimento socioeconômico do país. 

PNAD 2

A taxa de desocupação é avaliada a partir de bases trimestrais móveis. Ou seja, a cada mês são avaliados os dados de desocupação dos três meses imediatamente anteriores, fazendo com que os dados tenham menor flutuação do que um acompanhamento mês a mês. É considerada desempregada a pessoa em idade economicamente ativa (acima de 14 anos), sem ocupação e que está ativamente procurando emprego, sem encontrar. 

Taxa de Desocupação

Segundo o último dado disponível, que abrange os meses de março, abril e maio de 2022, a taxa de desocupação em nível nacional caiu para 9,8%. Trata-se de uma redução de 1,4 ponto percentual em relação aos três meses anteriores (dezembro, janeiro e fevereiro) e de uma redução de quase 5 pontos percentuais em relação aos mesmos três meses de 2021, quando a taxa de desemprego era de 14,7%. 

Taxa de Desocupação 2

Além disso, é a primeira vez em quase seis anos e meio que a taxa de desemprego fica abaixo de 10%. O nível de 9,8% é a menor taxa de desemprego desde janeiro de 2016. Depois de alcançar 14,9% no auge da pandemia, em setembro de 2020, a taxa de desemprego recuou para níveis abaixo daqueles projetados na tendência pré-pandemia. 

Rendimentos

Mas nem tudo são boas notícias. O rendimento médio mensal dos trabalhadores foi de R$ 2.613, o que está 7,2% abaixo do rendimento médio mensal verificado nesse mesmo período do ano passado. Mais da metade do crescimento na ocupação tem sido causada pela geração de empregos informais, o que pode ajudar a explicar a queda nos rendimentos. 

Mercado de Trabalho

A evolução do mercado de trabalho tem surpreendido e se mostrado mais positiva do que as melhores projeções. Apesar da queda nos rendimentos médios, estamos em situação melhor em relação ao nível de desocupação do que estávamos antes da pandemia. A economia real tem feito a sua parte. Só esperamos que a condução da economia monetária e fiscal não acabe estragando tudo. 
 

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