Eletrobras (Fernando Frazão/ Agência Brasil)
Foi definido o valor da oferta de ações da Eletrobras, no âmbito do programa de privatização da companhia. As compras das ações da empresa serão realizadas ao valor de R$ 43,00 por ação ordinária. As ações ordinárias são aquelas que dão direito a voto nas assembleias para formação do conselho de administração da empresa.
Valorização
A definição do valor foi realizada na quinta-feira e não trouxe qualquer surpresa ao investidor. Sendo uma empresa que já possui ações negociadas na bolsa, o valor da emissão das novas ações veio em linha com a valorização atual das ações existentes da empresa, que nesse mesmo dia oscilaram entre R$ 42,00 e R$ 44,00. As negociações das novas ações serão realizadas a partir desta semana.
FRASE
"O tempo é o conselheiro mais sábio de todos."
Péricles, estadista e orador grego
Mercado Tenso
A sexta-feira, dia seguinte à definição dos valores das novas ações da Eletrobras, foi um dia tenso para as bolsas mundiais. Por conta da elevação do risco de uma estagnação da economia mundial provocada pelo combate à inflação, as principais bolsas do mundo caíram. Na Europa a queda foi de 3,36% e nos Estados Unidos o S&P500 recuou 2,91%.
Mercado Tenso 2
Aqui no Brasil, na sexta-feira, o Ibovespa recuou 1,51%. As elevações das taxas de juros, necessárias para realizar o combate à inflação, têm o efeito de desaquecer a demanda, e isso acaba afetando as expectativas de negócios das empresas. As projeções de vendas caem, fazendo com que o valor das empresas, refletido no valor de suas ações, diminua.
Ações
A ação ordinária da Eletrobras (ELET3) não ficou imune ao humor do mercado e caiu 4,74% na sexta-feira, fechando o dia aos R$ 41. Mas, ainda mais importante do que o sentido da variação, foi o fato da ação da Eletrobras ter sido o papel mais negociado na bolsa brasileira na sexta-feira. Todos estavam querendo comprar ou vender a ação da empresa, se preparando para a emissão propriamente dita dos novos papéis.
Negócios
Nesse movimento, os investidores que já detém ações da Eletrobras e os investidores que não reservaram sua participação na oferta de ações, dentro do programa de privatização da empresa, viram uma oportunidade de fazer negócios e buscar ganhos a partir das negociações que vão ocorrer mais intensamente a partir desta semana.
Valorização
Por um lado, as ações são muito atraentes. A empresa é a principal companhia do setor elétrico nacional, tendo grande participação tanto na geração como na transmissão de eletricidade, mas sem uma gestão particularmente brilhante (vide a crise elétrica que atravessamos). A partir da privatização, a empresa pode se reorganizar e se tornar muito mais eficiente e rentável, fazendo o investimento em suas ações se valorizar muito.
Desafios
Por outro lado, estamos em um ambiente de negócios desafiador, com expectativa de baixo crescimento e grande aversão ao risco. A partir de hoje o COPOM inicia sua quarta reunião do ano para elevar a taxa de juros. Também o FOMC, órgão norte-americano equivalente ao COPOM, realiza sua reunião e também aumentará os juros nos Estados Unidos, reduzindo as previsões de crescimento.
Desafios 2
É claro que nesse ambiente de maior aversão ao risco, as empresas mais jovens e inovadoras acabam sofrendo mais, pois são mais dependentes do crescimento econômico. As empresas mais tradicionais, como é o caso da Eletrobras, tem mais lastro pois estão respaldadas em ativos já consolidados. Em qualquer cenário, as usinas de geração continuarão funcionando e gerando entradas de recursos para a empresa.
Longo Prazo
Nesse contexto, a evolução dos valores das ações da Eletrobras não podem ser um parâmetro de avaliação do sucesso de sua privatização. Especialmente no curto prazo. A empresa tem tudo para se tornar mais eficiente e se valorizar, mas muita turbulência pode acontecer no curto prazo com suas ações. Como em todo investimento, é preciso ter o horizonte de tempo adequado.