XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Eletricidade

Estéfano Barioni
14/04/2022 às 11:30.
Atualizado em 14/04/2022 às 11:30
Redução da bandeira tarifária "escassez hídrica" está definida para o próximo dia 16 (Ricardo Lima)

Redução da bandeira tarifária "escassez hídrica" está definida para o próximo dia 16 (Ricardo Lima)

A extinção da bandeira tarifária "escassez hídrica", definida para o próximo dia 16, eliminará a cobrança adicional de R$ 14,20 para cada 100 kWh consumidos na conta de energia elétrica. Com isso, na semana que vem volta a valer a bandeira tarifária verde, sem qualquer tipo de cobrança adicional sobre o consumo de eletricidade. Essa mudança deverá trazer um alívio para a inflação de abril, depois do recorde registrado em março. 

Seca de 2021

A bandeira tarifária escassez hídrica, criada para compensar o sistema elétrico pelo maior uso de usinas termelétricas e os respectivos maiores custos de geração, está em vigor desde setembro de 2021. No início daquele mês, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste tinham apenas um armazenamento de apenas 20% de sua capacidade. Ainda naquele mês, cerca de 30% da demanda por eletricidade estava sendo atendida pelas termelétricas.

FRASE

"Uma aventura é nada além de um mau planejamento".
Roald Amundsen, explorador norueguês

Chuvas

Neste último verão, a regularização do regime de chuvas ajudou a recompor o volume da água armazenada nos reservatórios. No começo de fevereiro, se esperava que o armazenamento dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste alcançasse 51% no fim de julho, no cenário mais otimista. Agora, já no início de abril, a água armazenada nos reservatórios dessas regiões superou essa marca e alcançou 65,1% da capacidade. 

Capacidade

Os reservatórios localizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste representam 70% da capacidade de armazenamento total do sistema hidrelétrico brasileiro. Por isso, todas as atenções ficam voltadas para a evolução dos níveis da água armazenada nessas regiões. Quanto maior o volume de água reservado, menor a necessidade de geração termelétrica complementar e menor o custo da eletricidade gerada. 

Inflação

Com a melhoria do quadro hídrico e a retirada da bandeira tarifária "escassez hídrica", os preços da eletricidade ao consumidor devem cair, ajudando no combate à inflação. No acumulado dos últimos 12 meses, a eletricidade residencial teve um aumento de preços igual a 28,5%. Estima-se que somente a retirada da cobrança adicional possa reduzir a conta de luz em torno de 20%. 

Reajustes

No entanto, essa redução para o consumidor final acabará sendo contrabalançada pelos reajustes que estão sendo concedidos às distribuidoras de eletricidade, também por conta dos aumentos nos custos da geração e do setor elétrico no ano passado. Em média, os reajustes no valor da energia elétrica devem ficar em torno de 15%. 

Energia Acumulada 

Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão com 65,1% de sua capacidade armazenada. Considerando a atual demanda de energia e a atual participação das hidrelétricas na geração, que é de 63%, essa água é suficiente para garantir o abastecimento das usinas durante cinco meses, mesmo que nenhuma água chegue aos reservatórios nesse período. 

Energia Acumulada 2

Dessa forma, o fornecimento de energia estaria garantido até a primeira metade do mês de setembro. No pior momento da crise hídrica, a água reservada era suficiente para garantir o abastecimento por menos de dois meses e, naquela ocasião, a participação da geração hidrelétrica ficou restrita a 50%. 

Planejamento

A normalização do regime de chuvas permitiu a recuperação da água armazenada nos reservatórios das hidrelétricas. Mas da mesma forma que apenas uma estação mais chuvosa do que o habitual foi suficiente para a recuperação dos reservatórios, uma nova estação mais seca do que o normal pode fazer com que a situação se inverta e se deteriore novamente.

Planejamento 2

Para que o país não permaneça dependente do regime de chuvas, à mercê de golpes de sorte ou de azar, é preciso avançar no planejamento estratégico, promovendo o investimento em aumento da capacidade de geração a partir de fontes alternativas de energia e no aumento da eficiência energética, com potencial de manter o nível de atividade a partir de uma menor demanda de energia.
 

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