Agência Nacional de Energia Elétrica (Divulgação)
Na semana passada a ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, reajustou os valores das bandeiras tarifárias que formam o sistema de cobrança adicional, acionado sempre que existem restrições na geração hidrelétrica. Atualmente estamos em regime de bandeira verde, que significa condições favoráveis para a geração de energia, sem qualquer tipo de restrição e sem cobrança adicional.
Bandeira Amarela
Na bandeira amarela, quando as condições de geração forem menos favoráveis, a cobrança adicional passou de R$ 1,87 para R$ 2,99 a cada 100 kWh consumidos. O reajuste equivale a quase 60% de aumento no valor da tarifa adicional. Já no caso da bandeira vermelha, em que as condições de geração exigem o acionamento das termelétricas de emergência, os aumentos foram maiores.
FRASE
“Resolver problemas sem preveni-los é totalmente insustentável.”
Bill Gates, empresário norte-americano
Bandeira Vermelha
Para a bandeira vermelha de patamar 1, a cobrança adicional passou de R$ 3,97 para R$ 6,50 a cada 100 kWh consumidos. O reajuste equivale a quase 64% de aumento. Já no caso da bandeira vermelha de patamar 2, nas condições mais críticas para a geração, a cobrança adicional passou de R$ 9,49 para R$ 9,80 a cada 100 kWh consumidos, aumento de 3,3%. Mas vale lembrar que no ano passado já houve um aumento de 52% na tarifa da bandeira vermelha de patamar 2.
Tarifa Base
Esses aumentos são incidentes apenas nas cobranças referentes às bandeiras tarifárias. A tarifa base, aquela que cobre os custos de geração, transmissão e distribuição de eletricidade, é reajustada anualmente através de outros mecanismos. Para a maioria das distribuidoras, o reajuste deste ano já foi feito e ficou por volta de 14% para a classe de consumo residencial.
Água Armazenada
A bandeira verde, que está vigente agora e valerá por todo o mês de julho, deve-se à recuperação do nível de água dos reservatórios. O sistema elétrico brasileiro é dividido em 4 submercados de energia: Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro-oeste. Essa divisão existe, pois também existem limites à quantidade de energia que pode ser transportada de um submercado para outro.
Submercados
O Sudeste e o Centro-oeste formam um único submercado pois a energia elétrica pode ser transportada praticamente sem qualquer restrição dentro de seu sistema elétrico. Assim, a energia produzida em uma usina em Goiás pode ser consumida em São Paulo sem qualquer restrição. Já a energia produzida por uma usina na Bahia poderá ser consumida em São Paulo dependendo das condições de transmissão.
Capacidade
A maior capacidade de armazenamento do sistema elétrico brasileiro fica no mercado sudeste/centro-oeste, que é também onde há a maior demanda por eletricidade. Os reservatórios das regiões SE/CO representam 70% de toda a capacidade de armazenamento hidrelétrica do país. O NE armazena 18% e o restante é dividido entre as regiões Norte e Sul.
Situação
No mercado SE/CO, a água atualmente armazenada nos reservatórios corresponde a 66% da sua capacidade total. Nos demais submercados o armazenamento supera 90% da capacidade, mas como existem as restrições de transmissão, a atenção acaba sendo na região SE/CO mesmo. De nada adianta um submercado ter sobras de energia se não consegue enviar todas as sobras para onde essa energia é necessária.
Situação 2
É claro que a situação atual é bem mais confortável do que a do mesmo período do ano passado. Em meados de junho de 2021, a água armazenada nos reservatórios do sistema SE/CO alcançava menos de 32% de sua capacidade. Hoje, devido à regularização das chuvas, temos mais do que o dobro de reserva. Mesmo assim, não é possível baixar a guarda.
Futuro
O período mais seco do ano está apenas começando e se todas as termelétricas forem desligadas, o nível dos reservatórios voltará a baixar rapidamente. Atualmente, cerca de 15% da demanda está sendo atendida pelas termelétricas e não há garantia de que a bandeira tarifária amarela não venha a ser acionada ainda este ano.