XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Eleições Americanas

Estéfano Barioni/estefano.barioni@gmail.com
24/07/2024 às 16:18.
Atualizado em 24/07/2024 às 16:18

(Mike Nelson/EFE/Direitos Reservados)

A decisão de Joe Biden de abandonar a disputa à reeleição para a presidência dos Estados Unidos embaralhou as expectativas em relação ao cenário eleitoral do país, que agora torna-se repleto de incertezas. Com a provável candidatura de Kamala Harris pelo Partido Democrata, concorrendo contra Donald Trump pelo Partido Republicano, é interessante analisar as propostas econômicas dos dois candidatos e seus potenciais impactos sobre a economia brasileira.

Trump

Donald Trump promete um retorno às políticas que marcaram seu primeiro período na Casa Branca. Isso significa políticas de cortes de impostos, imposição de novas tarifas de importação e severas restrições à imigração. As tarifas de importação, desenhadas particularmente contra a China, foram um ponto central de sua administração anterior e ele promete intensificá-las.

a frase

“É do interesse do meu partido e do país que eu me retire (da corrida presidencial)”
Joe Biden, presidente dos EUA 

Protecionismo 

As tarifas visam proteger a indústria americana de práticas chinesas de comércio exterior consideradas desleais, especialmente no setor de aço. Essas tarifas, por outro lado, aumentam o custo dos produtos nas cadeias de valor e podem levar a uma inflação interna maior. Além disso, uma guerra comercial ampliada pode prejudicar tanto produtores quanto consumidores americanos, além de aumentar as tensões comerciais globais. 

Protecionismo 2 

Para o Brasil, um aumento das tarifas sobre produtos chineses pode representar uma oportunidade e um desafio. Por um lado, produtos brasileiros podem ganhar competitividade no mercado americano. Produtos semiacabados de aço e ferro são o segundo item mais exportado pelo Brasil aos EUA, acumulando US$ 1,68 bilhão em valor neste ano. Por outro lado, uma guerra comercial pode prejudicar o comércio mundial, atingindo as exportações brasileiras em geral. 

Kamala 

Kamala Harris tende a seguir uma linha mais progressista, com propostas focadas em benefícios fiscais para trabalhadores e aumento de impostos para os mais ricos e grandes empresas. Essas políticas têm o intuito de estimular o consumo interno nos EUA e, se bem sucedidas, poderiam beneficiar indiretamente países exportadores como o Brasil. Neste ano, a balança comercial com os EUA tem sido levemente deficitária para o Brasil, com saldo negativo de US$ 218 milhões. 

Impostos 

A questão dos impostos também é central nas políticas de ambos os candidatos. Trump defende o corte de impostos corporativos, reduzindo a alíquota de 25% para 21%, enquanto Harris e Biden propõem um aumento para 28%, visando financiar programas sociais e investimentos em infraestrutura. Para o Brasil, a manutenção de impostos baixos nos EUA pode significar uma pressão competitiva adicional. 

FED 

Em seu mandato anterior, Trump fez duras críticas à condução de Jerome Powell no Federal Reserve, mas recentemente declarou que, se eleito, deixaria o presidente da instituição terminar seu mandato, que se encerra em maio de 2026. Uma eventual substituição poderia comprometer a independência do FED, tornando as políticas monetárias mais imprevisíveis. Por outro lado, juros mais baixos nos EUA podem facilitar a queda de juros no Brasil. 

Imigração 

A postura de Harris em relação à imigração também contrasta fortemente com a de Trump. Enquanto Trump propõe uma severa repressão à imigração, Harris adota uma visão mais inclusiva, vendo os imigrantes como uma importante força para a economia. Para o Brasil, uma postura mais aberta de Harris poderia facilitar a vida de brasileiros que buscam oportunidades nos EUA. 

Confronto 

A desistência de Biden a pouco mais de 100 dias das eleições norte-americanas abre espaço para um renovado confronto de diferentes visões políticas e econômicas. Trump promete um retorno a políticas protecionistas e de redução de impostos, enquanto Kamala Harris busca um caminho mais progressista com maior gasto social e inclusão econômica. Cada uma dessas visões possui implicações distintas para a economia global e brasileira.

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