XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Dúvida do Leitor

Estéfano Barioni
14/10/2023 às 11:51.
Atualizado em 14/10/2023 às 11:51
Dúvida do Leitor (Divulgação)

Dúvida do Leitor (Divulgação)

O leitor Fernando enviou uma mensagem para esta coluna questionando sobre os potenciais efeitos que a guerra no Oriente Médio pode trazer para a economia mundial e brasileira. O Fernando pergunta: "Eu sua visão quais são as consequências que a guerra entre Israel e o Hamas pode trazer para a economia e como isso pode afetar o Brasil? Quando a guerra na Ucrânia começou, trouxe vários problemas para economia. Isso pode acontecer novamente?".

Guerra

Primeiramente, só temos a lamentar por mais esse capítulo no longo conflito que acontece no Oriente Médio. O mais recente episódio, que já é um dos mais sangrentos das últimas décadas, tem se caracterizado pela extrema violência e crueldade. São verdadeiros massacres que aconteceram e estão acontecendo em Israel e na Faixa de Gaza, e um evento desse tipo não passa sem consequências.

FRASE

"Esta situação terá um grande impacto na região. Teremos de trabalhar para conter os seus efeitos desestabilizadores

Ursula von der Leyen,
presidente da Comissão Europeia

Economia
Do ponto de vista mais pragmático, no entanto, a guerra pode ter impactos diretos limitados sobre a economia mundial. Israel tem o segundo maior PIB da região, ficando atrás apenas da Arábia Saudita (mas à frente de Egito, Irã e dos Emirados Árabes Unidos); a economia do país tem uma forte base tecnológica e uma indústria de software que é referência mundial. No entanto, Israel é um país pequeno, assim como seus países vizinhos mais próximos. 

Comércio Internacional
Israel e seus vizinhos imediatos não aparecem como grandes fornecedores estratégicos no comércio internacional, ao contrário da Ucrânia, que é um grande exportador de commodities agrícolas como trigo e semente de girassol, e da Rússia, que figurava como o segundo maior exportador de petróleo do mundo e o maior fornecedor de gás para a Europa e de fertilizantes para o mundo. Portanto, os impactos econômicos deste novo conflito podem ficar limitados. 

Contaminação
Essa limitação de impactos acontecerá, é claro, desde que o conflito não se espalhe para outros países da região, como o Irã, por exemplo. Este seria o pior cenário, em todos os sentidos, tanto econômico, como geopolítico e humanitário. Do lado econômico, o envolvimento de mais países da região em um conflito armado pode dificultar o fornecimento mundial de petróleo, empurrando os preços para cima. 

Petróleo
O Oriente Médio possui quase metade de todas as reservas de petróleo do mundo, sendo fundamental para a oferta mundial do produto, com Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Kwait estando entre os dez maiores exportadores do mundo. Mesmo que a guerra não chegue a esses países, o conflito pode afetar o transporte. A maior parte do petróleo exportado no mundo atravessa rotas no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho. 

Petróleo 2
O petróleo havia fechado cotado a US$ 84,50 por barril na semana anterior ao dia 07 de outubro, quando ocorreram os ataques contra Israel. Na segunda-feira seguinte, o preço chegou a US$ 88,70 por barril, com uma alta de 5% em apenas uma hora de mercado aberto. O que puxou o preço para cima foi o temor do desenvolvimento do conflito na região. Agora, o petróleo tem oscilado em torno de US$ 87,00 por barril. 

Cooperação
Muito além do mercado de petróleo, outro ponto que irá sofrer graves consequências de mais esse conflito é a questão da cooperação internacional. O planeta precisa enfrentar diversos desafios pela frente, como as mudanças climáticas, a erradicação da fome, a segurança digital, os fluxos migratórios, medidas de contenção de novas pandemias, etc. 

Cooperação 2
Esses desafios só poderão ser solucionados se houver uma rede de cooperação internacional e de ação conjunta. São questões que estão muito acima da ação isolada de cada país. No entanto, é de deixar qualquer um extremamente pessimista em relação ao sucesso dessas iniciativas de cooperação, o simples fato de que não sermos capazes sequer de convencer países a não lançar bombas sobre seus vizinhos.

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