XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Dúvida do Leitor

Estéfano Barioni
10/09/2022 às 07:13.
Atualizado em 10/09/2022 às 07:13
Dúvida do Leitor (Divulgação)

Dúvida do Leitor (Divulgação)

O leitor André enviou uma pergunta a esta coluna, questionando sobre as expectativas para a economia brasileira. O André pergunta: "O PIB do primeiro semestre cresceu. A economia deve continuar crescendo? Além disso, a inflação começou a recuar. Podemos esperar quedas dos juros? E como fica o dólar? Dê o seu panorama para a economia brasileira.". Respondo a seguir.

Avanços

Antes de mais nada, é preciso dizer que o André tem razão em suas afirmações. O PIB teve altas tanto no primeiro como no segundo trimestre desse ano, fechando o primeiro semestre com expansão de 2,5%. Além disso, a inflação medida pelo IPCA registrou variação negativa nos últimos dois meses, julho e agosto, recuando para abaixo dos 9% ao ano. Esse nível é quase 1 ponto percentual abaixo da inflação registrada em junho. 

FRASE

“Os ventos e as ondas estão sempre a favor dos navegadores mais hábeis."

Edward Gibbon, historiador inglês

Serviços

No entanto, é preciso notar que o crescimento da atividade econômica no primeiro semestre foi motivado por dois aspectos muito bem identificados. O primeiro foi a recuperação do setor de serviços, que tem a maior participação no PIB e que foi o mais negativamente afetado pela pandemia. Com a recuperação do setor de serviços, o PIB cresceu fortemente. 

Consumo

Outro fator que contribuiu para o crescimento do PIB este ano foram os incentivos dados pelos saques extraordinários no FGTS e pelo Auxílio Brasil turbinado no valor de R$ 600. Esses recursos adicionais liberados incentivaram o consumo das famílias. Se você analisa o PIB pelo lado da demanda, vê que o consumo das famílias é o que tem o maior peso. Portanto, se você deseja fazer o PIB crescer de maneira rápida, basta incentivar o consumo das famílias. 

Crescimento

Assim, o crescimento que tivemos nesse ano foi alimentado pela recuperação no setor de serviços e pela transferência de renda às famílias (FGTS e Auxílio Brasil). Mas esses dois fatores têm espaços limitados para sustentar a expansão econômica no longo prazo. Uma vez que a recuperação dos serviços estiver completa, a sua evolução volta ao ritmo normal. E existem muitas dúvidas sobre a possibilidade de manutenção do Auxílio Brasil para além deste ano. 

Crescimento 2

Aqui eu não estou fazendo julgamentos sobre as decisões que foram tomadas. Foi ótimo que a economia tenha crescido no primeiro semestre. E acredito que, em momentos de crise, o governo deve mesmo tomar medidas para aliviar o sofrimento da população. O que estou querendo dizer é que, para continuar crescendo nos semestres seguintes será preciso fazer mais. Só isso não sustentará o crescimento. 

Inflação

A inflação tem caído e grande parte disso acontece por conta da queda nos preços dos combustíveis. A redução do ICMS ajudou muito, mas além disso o preço do barril de petróleo também caiu muito no mercado internacional, passando de US$ 123 para US$ 90. Esse efeito também é limitado e o preço do petróleo não irá cair indefinidamente. 

Inflação 2

Mesmo assim, a queda no preço dos combustíveis é excelente notícia no curto prazo e pode ainda impactar indiretamente os preços de outros produtos. Os índices de inflação devem continuar caindo nos próximos meses, mas não há a menor possibilidade de redução das taxas de juros neste momento. Talvez a Selic seja até elevada mais uma vez agora, em setembro, alcançando 14% ao ano. Reduções nos juros só a partir de meados de 2023. 

Câmbio

Em relação ao dólar, essa é a previsão mais complicada de se fazer. Estados Unidos devem promover novos aumentos da taxa de juros. Nesta semana a Europa fez o maior aumento de juros da história do Euro. A única certeza é que a taxa de câmbio deve continuar muito volátil e extremamente sensível a qualquer fato novo. Mas eu não espero nenhuma mudança de patamar significativa no curto prazo.

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