XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Dúvida do Leitor

Estéfano Barioni
03/09/2022 às 11:32.
Atualizado em 03/09/2022 às 11:32
Dúvida do Leitor (Divulgação)

Dúvida do Leitor (Divulgação)

Dando continuidade a este espaço de interação com os leitores, abordando os assuntos sugeridos por eles, hoje respondo ao leitor Marcelo que enviou sua pergunta a esta coluna, questionando sobre a inflação dos alimentos. O Marcelo pergunta: "Qual a melhor solução para controlar a inflação de alimentos? O que esperar para os próximos meses?". Respondo a seguir. 

Inflação

A pergunta do Marcelo é muito oportuna, pois alimentos e combustíveis foram os itens responsáveis pela maior parte da alta da inflação. No entanto, com a recente queda dos preços dos combustíveis (tanto devido à redução do ICMS quanto à queda do preço do petróleo), os alimentos já superaram os combustíveis na alta acumulada nos últimos 12 meses. 

FRASE

“As pessoas terão que se acostumar com preços mais altos dos alimentos."

Miguel Patrício, presidente da Kraft Heinz

IPCA

Segundo a última medição do IPCA, de julho, o grupo de Alimentos e Bebidas teve alta de 14,72% nos últimos 12 meses enquanto os combustíveis tiveram alta média de 7,25%. É importante notar que essas variações são médias ponderadas. Enquanto gasolina e o etanol tiveram alta acumulada de 5,64% e de 2,53% nos últimos 12 meses, a alta no óleo diesel alcança quase 62% e isso explica uma parte da inflação de alimentos. 

Alimentos

Entre os alimentos, alguns itens superam em muito a média de quase 15% de alta medida pelo IPCA. Nos últimos doze meses, o preço do óleo subiu em média 26%, hortaliças e verduras tiveram alta de 27%, a farinha subiu 32%, o milho 34%, e o café 58%. Além disso, o leite longa vida teve alta de 66% e o preço da batata subiu 67%.

Combate

Do ponto de vista do governo, o combate à inflação de alimentos envolve iniciativas de longo prazo, que são mais eficientes para evitar o alto custo dos alimentos, e iniciativas de curto prazo, que devem ser utilizadas nas situações emergenciais. Mas as duas estratégias, tanto de longo prazo como de curto prazo, requerem planejamento.

Insumos

Os fertilizantes tiveram uma alta importante de preços no mercado internacional. Nos últimos doze meses, fertilizantes subiram em média 65% devido aos custos do gás natural usado como insumo na produção. O Brasil importa cerca de 83% de todo o fertilizante que utiliza. Para evitar essa exposição teríamos que investir no aumento da produção própria ou em desenvolver acordos comerciais internacionais mais vantajosos. 

Transporte 

Outro ponto que impacta os preços dos alimentos é o transporte e não apenas por causa do custo do óleo diesel, com alta de 62%. A má conservação das estradas também influencia. Uma parte da produção de alimentos é simplesmente perdida por conta da nossa má estrutura de transportes e isso custa. O investimento na melhoria dessa estrutura poderia ajudar a reduzir o preço dos alimentos. 

Estoque

No curto prazo, uma ação que o governo poderia fazer é recorrer aos estoques reguladores, comprando excedentes de safra e colocando esses excedentes à disposição na alta, para ajudar a conter os preços. Mas desde 2014 que o governo praticamente não forma estoques reguladores. É uma estratégia que poderia ajudar a combater a alta dos alimentos no curto prazo, mas requer bom planejamento e boa gestão, caso contrário só provocaria mais desperdícios. 

Hábitos

Do lado do consumidor, o que se pode fazer para se proteger da alta dos alimentos é adotar estratégias de consumo mais conscientes, substituindo o que estiver mais caro por alternativas mais em conta. Além disso, evitar ao máximo o desperdício. Algumas pesquisas mostram que aumentar a frequência de idas ao supermercado pode ajudar a reduzir o desperdício de comida em casa. 

Perspectivas

Para os próximos meses, os preços dos alimentos devem recuar um pouco. Mas essa queda deve ser limitada e ficar restrita ao curto prazo. O mais indicado é ficar atento e desenvolver estratégias para se adaptar. Mande você também sua questão ou sugestão de tema para o e-mail [email protected] ou [email protected].

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