Com a taxa Selic em patamares elevados, a rentabilidade da renda fixa ganha destaque (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Aproveitando o espaço aberto nas colunas de Sábado, o leitor Marcos enviou mensagem pedindo uma avaliação do cenário atual da taxa Selic, que atualmente está cotada em 12,75% ao ano. O leitor pede uma comparação com outras de aplicações no mercado financeiro, incluindo a caderneta de poupança, que nos últimos meses apresentou resultados negativos.
Escolhas
Agradeço ao leitor pelo envio da mensagem. De fato, estamos atravessando um momento de grandes incertezas sobre o mercado e o futuro da economia, com a inflação alcançando níveis recordes dos últimos 20 anos. Nesse cenário, boas escolhas são fundamentais para conseguir proteger o patrimônio financeiro e ainda conseguir algum retorno.
Alguém está sentado na sombra hoje porque outra pessoa plantou uma árvore ali há muito tempo."
A FRASE
“Warren Buffett, megainvestidor norte-americano
Selic
Com a taxa Selic em patamares elevados, a rentabilidade da renda fixa ganha destaque. A taxa DI, que acompanha a Selic, está atualmente em 12,65% ao ano. Mas, para todos os efeitos, o investidor que hoje está buscando alternativas de investimentos já pode considerar a Selic a 13,25% ao ano, porque é certeza que a taxa básica de juros chegará lá, provavelmente em junho.
Inflação
É importante observar que as decisões de investimento não devem contemplar o passado, mas o futuro. A inflação está atualmente no patamar de 12,13% ao ano, que é provavelmente o seu pico. A alta dos juros começará a fazer os preços caírem conforme a demanda se retrai. Em um horizonte de doze meses, é provável que a inflação se reduza para 8% ou até menos.
Renda Fixa
Bons fundos de renda fixa, tanto os pós-fixados, referenciados ao DI, quanto os pré-fixados, estão apresentando retornos atuais entre 0,8% e 1,0% ao mês. Os fundos referenciados ao DI terão um pequeno ganho adicional com o novo aumento dos juros que acontecerá em junho. Esses fundos alcançarão uma rentabilidade próxima a 13% ao ano que deve ser manter estável por 12 meses.
Renda Fixa 2
Considerando uma inflação de 8% ao ano para os próximos 12 meses e uma alíquota de imposto de renda de 17,5% sobre os ganhos, adequada para investimentos mantidos por 1 ano, obtém-se um retorno líquido real de 2,5%. Com isso, é possível proteger o capital investido da inflação e ainda conseguir um pequeno ganho.
Poupança
Enquanto a Selic estiver acima de 8,5% (situação que irá durar um bom tempo ainda), a caderneta de poupança tem rendimento fixo de 0,5% + TR (taxa referencial). Depois de passar quatro anos zerada, a TR está em torno de 0,17% ao mês, fazendo com que a poupança possa atingir um rendimento de 8,3% ao ano nos próximos 12 meses. A poupança não está sujeita ao imposto de renda, mas a rentabilidade mal cobre a inflação.
Multimercado
Outras opções disponíveis e menos conservadoras são fundos de ações, fundos cambiais e fundos multimercados (que unem diferentes ativos, como ações e moedas). No entanto, o ambiente econômico atual é muito incerto e essas opções só devem voltar a apresentar resultados mais consistentes quando a inflação estiver sob controle. Antes disso, haverá sempre o risco de medidas mais rígidas de política monetária afetarem a valorização dos ativos.
CRI e CRA
Outra opção disponível são os certificados de recebíveis imobiliários (CRI) ou do agronegócio (CRA). Esses são opções muito parecidas com a renda fixa, mas têm a vantagem de serem incentivados, ou seja, livres da cobrança de IR. Existem opções atreladas ao DI ou à inflação, podendo garantir mais de 5% de ganho real. Mas são indicados apenas para quem pode investir e deixar o dinheiro aplicado até a data de vencimento, que pode ser de 5 anos ou mais.
Questões
Assim como fez o Marcos, todos os leitores que possuem dúvidas ou que simplesmente desejam ver algum assunto específico sendo abordado nas colunas de Sábado estão convidados a enviar suas questões e/ou sugestões para o e-mail estefano.barioni@gmail.com ou xeque.mate.economia@gmail.com. Procurarei atender a todos.