Despesas (Freepik)
A estratégia do governo federal de estimular a economia por meio de expansão fiscal tem gerado efeitos perceptíveis no curto prazo, mas levanta questionamentos importantes sobre a sustentabilidade desse crescimento a longo prazo. O Brasil, em 2023, registrou um déficit fiscal significativo, com as despesas ultrapassando as receitas em R$ 230,5 bilhões. No ano passado, as despesas do governo foram 12% maiores do que as receitas líquidas.
Atividade
Um indicativo de que esses gastos têm, de fato, aquecido a economia é o desempenho do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que surpreendeu positivamente com um aumento de 0,60% em janeiro na comparação mês a mês. A ascensão do IBC-Br sugere que o crescimento econômico do país pode superar as expectativas. Se, no final de 2023, projetava-se para este ano um modesto crescimento de 1,0%, agora essas projeções já têm sido revisadas para 1,8%.
FRASE
" A maioria das pessoas tem vontade de vencer, poucas têm vontade de se preparar para vencer."
Bob Knight, treinador de basquete norte-americano
Reflexos
A expansão de gastos públicos acaba afetando a demanda agregada. Maiores gastos acionam uma cadeia de fornecimento direta e indireta que acaba se disseminando na economia, pela interligação entre os diferentes setores econômicos, e se reverte em aumento de renda. No entanto, embora o efeito imediato seja positivo, o evidente descompasso entre o gasto público e a capacidade do governo de gerar receitas é preocupante.
Produção
A estratégia de incentivar a economia através do aumento dos gastos governamentais tem efeitos efêmeros. Os recursos adicionais injetados no mercado resultam em um aumento imediato no consumo, o que, apesar de ser benéfico em períodos de capacidade produtiva ociosa, não conduz a investimentos significativos em melhorias na capacidade produtiva ou em ganhos de produtividade.
Produção 2
Quando existe ociosidade, o aumento da demanda de curto prazo simplesmente preenche a capacidade produtiva ociosa. Isso é positivo em termos de renda e empregos no curto prazo, mas não é suficiente para sustentar o crescimento no longo prazo. Assim, o que se observa é um estímulo temporário na atividade econômica, sem promover as bases para um crescimento duradouro. São os famosos "voos de galinha".
Crescimento Sustentado
O ciclo de expansão da despesa pública e consequente impulso econômico é intrinsecamente insustentável a longo prazo. Inevitavelmente, chegará um momento em que o governo terá que frear os gastos para equilibrar suas contas, uma vez que persistir em gastar além do arrecadado é uma rota insustentável. Quando isso ocorre, o estímulo ao crescimento desaparece tão rapidamente quanto surgiu, deixando a economia sem um suporte duradouro para continuar crescendo.
Horizonte
O risco se torna mais alto quando os governos se preocupam apenas com políticas públicas que produzem resultados em um horizonte de quatro anos, determinado pelo período eleitoral. Em um cenário de queda de popularidade do Presidente da República, pode ser grande demais a tentação de rifar uma estratégia econômica de longo prazo em troca de um espasmo de crescimento de curto prazo.
Robustez
Portanto, para que o Brasil possa garantir um crescimento econômico autossustentado e resiliente no longo prazo, é fundamental que a política econômica se volte para o investimento em áreas que promovam o aumento da capacidade produtiva e ganhos substanciais de produtividade. Isso inclui reformas para tornar o país mais amigável ao investimento produtivo e mais competitivo.
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Além disso, são necessários investimentos em infraestrutura (em projetos de boa qualidade), educação, tecnologia e inovação, que são os verdadeiros motores de um crescimento econômico robusto e sustentável. Somente por meio dessas iniciativas será possível assegurar que o crescimento econômico do país não esteja ancorado em estímulos temporários, mas sim em fundamentos sólidos que garantam prosperidade a longo prazo.