XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Demissão na Petrobrás

Estéfano Barioni/[email protected]
17/05/2024 às 16:29.
Atualizado em 17/05/2024 às 16:29
Jean Paul Prates (Lula Marques/Agência Brasil)

Jean Paul Prates (Lula Marques/Agência Brasil)

A recente demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras, promovida pelo presidente da República, voltou a trazer à tona uma série de preocupações e críticas sobre a gestão da estatal. A demissão teve repercussões negativas no mercado, mesmo que Prates já estivesse em processo de "fritura" política há algumas semanas, depois de uma série de atritos com membros do governo, especialmente com os ministros de Minas e Energia e da Casa Civil.

Intervencionismo

As divergências com Prates começaram a ocorrer em relação à política de dividendos e ao desejo do governo de fazer da Petrobras um motor de investimentos. A substituição abrupta de Prates marca um retorno preocupante ao intervencionismo governamental e ao "nacional-desenvolvimentismo" que já se provaram ineficazes no passado. Esse tipo de intervenção política em empresas de capital misto é um erro que afeta diretamente a confiança dos investidores.

a frase

“O silêncio é o sono que nutre a sabedoria."
Francis Bacon, filósofo inglês

Perdas

É inegável que a Petrobras, sendo a maior empresa do Brasil, desempenha um importante um papel na economia nacional. No entanto, a interferência política contínua em sua gestão cria um ambiente de incerteza que afasta investidores e desvaloriza suas ações. A decisão do governo de substituir o CEO sem um motivo claro e objetivo, além das divergências sobre a condução de investimentos, gerou uma forte reação negativa no mercado.

Perdas 2

Na quarta-feira, dia seguinte à demissão de Prates, as ações da empresa tiveram uma queda de mais de 6% e a empresa perdeu R$ 25 bilhões em valor de mercado. Para recuperar a confiança do mercado, o governo precisará adotar uma postura mais transparente e previsível em relação à gestão da Petrobras, garantindo que as decisões sejam tomadas com base em critérios técnicos e estratégicos, e não em agendas políticas.

Sete Brasil

Historicamente, o intervencionismo na Petrobras trouxe resultados desastrosos. Nos anos 2000, a empresa foi palco de um grande escândalo de corrupção, revelado pela Operação Lava Jato. O caso da Sete Brasil, empresa criada para fornecer equipamentos navais à Petrobras, é um exemplo claro de como políticas mal planejadas e executadas podem resultar em fracassos bilionários. A Sete Brasil faliu em meio a acusações de corrupção, deixando um legado de prejuízos e desconfiança.

Visão Obsoleta

A insistência do governo em adotar políticas de "nacional-desenvolvimentismo" reflete uma visão obsoleta que já mostrou suas limitações. A tentativa de revitalizar a indústria naval brasileira através de investimentos gigantescos realizados pela Petrobras, sem considerar a viabilidade econômica e a capacidade de execução, é um erro que pode custar caro ao país. 

Nova Gestão 

A demissão de Prates e a nomeação de Magda Chambriard como sua substituta reforçam a percepção de que as decisões na Petrobras estão sendo guiadas mais por interesses políticos do que por critérios técnicos e de mercado. Chambriard, embora tenha um histórico técnico respeitável, entra em um contexto de grande desconfiança e pressão política, o que pode dificultar ainda mais a gestão da empresa. 

Direcionamento 

A volatilidade das ações da Petrobras reflete a percepção de risco aumentada entre os investidores, que veem a interferência política como um fator de instabilidade e incerteza. A experiência recente mostrou que o direcionamento de recursos para setores específicos, sem um planejamento estratégico e uma análise rigorosa de custos e benefícios, tende a gerar mais problemas do que soluções. 

Erros 

A repetição de erros do passado, como o intervencionismo excessivo e o "nacional-desenvolvimentismo", não contribuirá para o desenvolvimento sustentável do país. É preciso que o governo compreenda a importância de uma gestão técnica e alinhada com os princípios de mercado para assegurar a saúde financeira e a estabilidade da Petrobras e também de todo o sistema econômico brasileiro.

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