O crescimento econômico é o caminho principal para o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida (Ilustração)
No fim da semana passada, foi divulgado o crescimento da economia brasileira do segundo trimestre de 2022. E o resultado surpreendeu até os mais otimistas. O PIB brasileiro teve um aumento de 1,2% na comparação com o primeiro trimestre desse ano, chegando à soma de 2,4 trilhões de Reais. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o crescimento foi de 3,2%.
Crescimento 2
Nos últimos quatro trimestres, o PIB brasileiro registrou um crescimento de 2,6% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O resultado foi surpreendente e trata-se de uma ótima notícia. Crescimento econômico é sempre desejável. É claro que se deseja também que o crescimento seja sustentável, ambientalmente correto e razoavelmente bem distribuído, mas crescer é o primeiro passo.
FRASE
“O maior desafio da nação é impulsionar o crescimento econômico sustentável."
Anthony Albanese, primeiro-ministro australiano
Setores
Além do resultado geral, a boa notícia é reforçada pelo fato de que todos os setores da economia apresentaram crescimento no segundo trimestre. O setor agropecuário teve crescimento de 0,5%, a indústria cresceu 2,2% e o setor de serviços teve crescimento de 1,3%. Quanto mais espalhado for o crescimento, melhor, pois mais diversificados serão os benefícios gerados por ele.
Demanda
Do lado da demanda, a formação bruta de capital fixo (FBCF), que é o investimento realizado em estrutura produtiva, teve aumento de 4,8% em relação ao trimestre anterior. O consumo das famílias teve aumento de 2,6% e o consumo do governo apresentou queda de -0,9% em relação ao primeiro trimestre. Todas as taxas já estão consideradas com ajuste sazonal.
Impostos
Em valores correntes, o PIB obtido no segundo trimestre foi composto por pouco menos de R$ 2,1 trilhões de valor adicionado e R$ 332 bilhões de impostos líquidos de subsídios. Assim, no segundo trimestre, os impostos tiveram um peso aproximado de 16% sobre os valores totais gerados pela economia.
Valor Adicionado
O valor adicionado é a diferença entre o valor final da produção e o valor dos insumos consumidos. Ou seja, o valor adicionado é o valor real da atividade produtiva, aquilo que de fato ela gera e agrega aos insumos utilizados. Como o PIB é calculado a partir de uma metodologia que evita a dupla contabilidade dos insumos quando são transformados, o que o PIB mede é exatamente o valor adicionado.
Valor Adicionado 2
Cerca de dois terços do valor adicionado produzido no segundo semestre foi gerado pelo setor de serviços (R$ 1,4 trilhão), que já há algum tempo se tornou o mais relevante no PIB brasileiro. O setor industrial gerou R$ 476 bilhões de valor adicionado (pouco menos de 23%). Por fim, o setor agropecuário foi responsável por cerca de 8% do valor adicionado.
Demanda 2
Do ponto de vista da demanda, os R$ 2,4 trilhões produzidos pelo PIB foram destinados a atender o consumo das famílias (R$ 1,5 trilhão ou quase 63%), investimentos na formação de capital fixo (R$ 448 bilhões ou 19%) e o consumo do governo (R$ 440 bilhões ou 18% do total). A formação de capital fixo são os investimentos na capacidade produtiva do país e sua participação está no mesmo nível do observado no ano passado.
Ano a Ano
Na comparação dos últimos quatro trimestres em relação aos quatro trimestres anteriores, o destaque é para o setor de serviços que se recuperou fortemente no pós-pandemia e se expandiu em 4,3%. A indústria se manteve praticamente estável (crescimento de 0,1%) e a agropecuária teve retração de -5,5%, muito motivada pela quebra da safra da soja e do arroz.
Resultados
O crescimento do PIB é uma boa notícia e isso não deve passar em branco. Existem muitos problemas ainda, claro. O crescimento foi fortemente influenciado pelo setor de serviços, que vinha de uma base de referência baixíssima, o crescimento continua sendo sustentado pelo consumo e não pelo investimento, e o governo gasta mais do que arrecada. Tudo isso precisa ser corrigido, mas sem crescimento não há o que fazer.