xeque-mate da economia

Copom

Estéfano Barioni
14/06/2022 às 20:44.
Atualizado em 15/06/2022 às 08:17

Nesta quarta-feira, no fim da tarde, o Copom encerra a sua quarta reunião do ano (Divulgação)

Nesta quarta-feira, no fim da tarde, o Copom encerra a sua quarta reunião do ano e divulga a decisão em relação ao novo nível da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. É esperado um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, o que levaria a Selic a 13,25% ao ano. Também hoje, ao fim do dia, o FOMC (órgão dos Estados Unidos equivalente ao Copom) decide a nova taxa de juros de referência da economia norte-americana. 

Copom 2

Se o aumento de 0,5 ponto percentual se confirmar, marca uma redução no ritmo do aumento da taxa de juros e talvez até o fim do ciclo de altas. O Copom vinha promovendo aumentos de 1 ponto percentual em suas últimas reuniões. A inflação medida pelo IPCA registrou um recuo na medição de maio, quando o índice acumulado em 12 meses ficou em 11,73% frente aos 12,13% registrados em abril. 

FRASE

"Estagflação é um cenário possível."
Christian Lindner, ministro das Finanças da Alemanha

Inflação

Olhando apenas para a inflação, esse novo aumento da taxa de juros pode marcar o fim do ciclo de aperto monetário. Com a Selic em 13,25% ao ano, a liquidez da economia fica reduzida, e os efeitos na demanda devem se fazer sentir mais largamente, o que já seria causa do início desta trajetória descendente da inflação. No entanto, a situação econômica mundial se deteriorou muito nas últimas semanas e as incertezas se elevaram. 

Recessão

Em todo o mundo, a inflação está em níveis elevados. São níveis muito mais elevados do que os níveis normais do histórico mais recente. Já existe a expectativa de que, para combater a alta dos preços, as economias centrais precisarão realizar um aperto monetário de tal magnitude que o mundo pode entrar em uma rota de recessão econômica. A combinação de recessão e preços altos é o pior cenário econômico possível, e é chamada estagflação.

CPI

A inflação norte-americana está no nível mais alto dos últimos 40 anos. A inflação ao consumidor, medida no mês de maio pelo CPI (Consumer Price Index), bateu o recorde que havia sido registrado em março e alcançou 8,6% ao ano. Assim, alguns agentes passaram a considerar uma elevação mais rápida dos juros nos Estados Unidos, o que traria impactos negativos sobre o crescimento. 

Política Monetária 

De cada 10 agentes financeiros, três projetam que o FOMC irá promover um aumento de 0,75 ponto percentual hoje (levando os juros para 1,75% ao ano). Outros sete acreditam que o aumento será de 0,5 ponto percentual (juros em 1,50% ao ano). Se o aumento maior prevalecer, as projeções econômicas para o futuro pioram. Se o aumento se confirmar em apenas 0,5 ponto percentual, pode haver um pequeno relaxamento da tensão atual. 

Aversão ao Risco

Por conta dessa incerteza, houve um aumento muito grande da aversão ao risco entre a sexta-feira da semana passada e esta segunda-feira, dois dias em que as bolsas de valores de todo o mundo registraram grandes perdas. Com a possibilidade de contração econômica, os investidores vendem as ações e buscam refúgio em ativos seguros como os títulos de renda fixa em dólar, que passam a pagar mais. As bolsas caem e o dólar sobe. 

Risco Cambial

Juros mais altos nos Estados Unidos atraem recursos que estavam investidos em países emergentes, como o Brasil. O dólar voltando a subir é prejudicial para a nossa inflação, pois impacta toda a cadeia de importados assim como o preço do petróleo e seus derivados. Por esta razão, o cenário econômico mundial pode exigir que o aumento da taxa de juros não seja interrompido imediatamente. Pode ser necessário dar continuidade ao ciclo de alta, mesmo que em menor ritmo. 

Decisão

Ainda assim, o mais provável é que tanto o FOMC como o Copom optem por realizar aumentos de 0,5 ponto percentual em suas taxas de juros, trazendo calma aos mercados. Isso seria uma boa notícia. Qualquer aumento acima desses valores pode fazer o humor dos mercados "azedar" de vez, precipitando uma nova onda de quedas nos mercados de capital. 
 

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