xeque-mate da economia

Copom

Estéfano Barioni
03/05/2022 às 21:16.
Atualizado em 04/05/2022 às 08:20

Nesta quarta-feira, no fim da tarde, o Copom encerra a sua quarta reunião do ano (Divulgação)

Nesta quarta-feira, serão tomadas e divulgadas duas decisões muito importantes para o cenário econômico. O Copom - Comitê de Política Monetária - do Banco Central irá decidir o novo nível da taxa básica de juros, a Selic. Da mesma forma, o FOMC (órgão equivalente ao Copom nos Estados Unidos) também decide hoje a nova taxa de juros de referência da economia norte-americana.

Inflação

Os dois países estão enfrentando taxas de inflação elevadas. No Brasil, o IPCA está por volta de 12% ao ano, no nível de inflação mais elevado desde o início de 2003. Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor medida pelo CPI (consumer price index) está em 8,5% ao ano, no nível de inflação mais elevado dos últimos 40 anos naquele país. 

FRASE

"As taxas de juros são usadas para alcançar a estabilidade econômica geral."
Ben Bernanke, ex-presidente do FED 

Política Monetária

A medida mais ortodoxa para conter a inflação é a elevação da taxa de juros. Com juros mais altos, o crédito fica mais caro e restrito, o que acaba reduzindo o consumo. Do outro lado, juros mais altos dão um incentivo maior a poupar, pois o dinheiro no banco passa a render mais, e isso também reduz um pouco o consumo. Com menos demanda, os preços cairiam para atingir um novo equilíbrio com a oferta. 

Política Monetária 2

O Banco Central do Brasil, através do Copom, já está adotando essa receita desde março de 2021. No começo daquele mês, a taxa Selic estava cotada em 2% ao ano. De lá para cá, o Copom promoveu aumentos na taxa de juros em todas as suas reuniões, que acontecem a cada 45 dias. Já foram nove aumentos da taxa de juros e hoje acontecerá o décimo. 

Oferta

No entanto, apesar da política adotada pelo Banco Central, a inflação continuou aumentando. Interrupções nas cadeias de produção internacionais, a alta nos preços do petróleo e de outras commodities estratégicas e a elevação no custo da energia, entre outros fatores, trouxeram problemas na estrutura de oferta que fazem a inflação extrapolar o fenômeno monetário. 

Custos de Produção

A inflação atual não é apenas causada por "excesso de dinheiro" no mercado, que estimula o crescimento da demanda e faz os preços subirem. Existe um grande componente de inflação do lado da oferta, uma vez que os custos de produção (energia, frete, insumos, etc.) explodiram nos últimos dois. Mesmo que se diminua a demanda, com os choques de oferta não há um ponto de equilíbrio onde os preços são mais baixos. 

Inércia

De qualquer forma, o remédio para segurar a inflação é o mesmo, a adoção de uma política monetária contracionista com aumento da taxa de juros. Isso é importante para manter as expectativas de inflação sobre controle, especialmente no Brasil onde o componente inercial da inflação é grande. A inflação inercial ocorre quando as expectativas de inflação fazem com que pessoas e empresas adotem comportamentos que provocam inflação real. 

FED

O FED, banco central dos Estados Unidos, foi mais leniente com a inflação, apostando que o fenômeno seria temporário e que quando os choques de oferta passassem, os preços voltariam ao normal. Por isso manteve juros praticamente zerados. Mas os choques não passaram e a inflação atingiu o maior nível das últimas quatro décadas naquele país. 

Taxa Selic

Como o Banco Central eleva os juros desde o ano passado, já devemos estar próximos do fim do ciclo de alta. Hoje, no fim do dia, o Copom informará sua decisão que provavelmente implicará em um aumento de 1 ponto percentual na taxa de juros, fazendo com que a taxa Selic seja elevada a 12,75% ao ano. Será o nível de juros mais alto desde janeiro de 2017.

Risco Cambial

Também no fim do dia, o FOMC divulga sua decisão sobre os juros nos Estados Unidos. O mais provável é um aumento de 0,5 ponto percentual (forte para o padrão americano) que leve os juros a flutuar entre 0,75% e 1,00% ao ano. Qualquer aumento menor reduz a atual pressão cambial sobre o Real. Aumentos maiores que 0,5 ponto percentual iriam aprofundar o movimento recente de desvalorização do Real. 
 

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