XEQUE-MATE

Condenações aos insultos

Jary Mércio
16/04/2023 às 10:33.
Atualizado em 16/04/2023 às 10:33
Vereadora Guida Calixto (PT) e o vereador Marcelo Silva (PSD) (Câmara Municipal de Campinas)

Vereadora Guida Calixto (PT) e o vereador Marcelo Silva (PSD) (Câmara Municipal de Campinas)

A vereadora Guida Calixto (PT) e o vereador Marcelo Silva (PSD) foram, até aqui, os únicos parlamentares da Câmara de Campinas que se manifestaram publicamente em relação aos insultos imotivados e covardes desferidos pelo seu colega Jorge Schneider (PL) contra os jornalistas do Correio Popular em discurso proferido no plenário da casa na sessão de segunda-feira,10. A pretexto de criticar a cobertura dada pelo Correio à conquista, pela Ponte Preta, do título de campeã da Série A2 do Campeonato Paulista, o vereador atacou a honra dos profissionais deste jornal, chamando-os de “maus caracteres”, entre outras adjetivações que não cabe reproduzir aqui para não ecoar a infâmia. 

Solidariedade aos profissionais 

Guida subiu à tribuna na quarta-feira, na sessão ordinária, para contestar a manifestação desarrazoada e destemperada do vereador do PL e prestar solidariedade aos jornalistas do Correio. E, na sexta-feira, depois que o advogado Pedro Benedito Maciel Neto encaminhou à mesa diretora da Câmara, em nome do jornal, requerimento solicitando que o discurso de Schneider fosse retirado dos anais da casa, o vereador Marcelo Silva encaminhou à redação uma nota em que presta sua “solidariedade a todos os profissionais de imprensa de Campinas que foram atacados verbalmente na sessão da última segunda-feira”. 

FRASE

“O que a gente enfrenta agora, e isso ocorre não só no Brasil, mas a nível global, é o extremismo pós-organizacional”

Michele Prado, pesquisadora da USP, sobre as redes de ódio na internet

Respeito

“Uma coisa”, diz Silva, “é não concordar com alguma opinião contrária, outra é questionar a índole e caráter de quem exerce a sua profissão. Nesta relação, o respeito sempre deve ser mútuo.”

Atenção

Em contato direto com o presidente executivo do Correio, Ítalo Barioni, o presidente da Câmara de Campinas, vereador Luiz Rossini (PV), informou que o requerimento do advogado Pedro Maciel — que, além da retirada do vergonhoso discurso de Schneider dos anais da Câmara, pede também uma manifestação de desagravo ao jornal e a seus profissionais — será analisado na casa com a atenção e rapidez que o assunto requer. 

Radicalização online

O Brasil tem de se preparar para enfrentar a radicalização online. É com essa premissa que, depois dos ataques à escola da Vila Sônia, em São Paulo, e à creche em Blumenau (SC), pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) montaram um relatório sobre como os grupos de ódio se articulam nas redes e quais medidas podem ser tomadas para evitar a escalada de violência. A previsão é de que o documento, com cerca de 40 páginas, seja entregue neste começo de semana ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Redes do ódio

O país tem passado por uma disseminação de ameaças nas redes sociais, o que levantou à cobrança por uma maior moderação das plataformas e por investigações mais integradas para combater grupos extremistas. Os atentados em São Paulo e Blumenau vitimaram ao menos cinco pessoas — quatro delas, crianças — nas últimas semanas, entre alunos e uma professora. Em outros estados, como Goiás e Amazonas, também houve tentativas de ataques.

Extremismo

“O que a gente enfrenta agora, e isso ocorre não só no Brasil, mas em nível global, é o extremismo pós-organizacional. São redes extremistas sem uma hierarquia fixa, sem um elo direto com uma organização”, conta a pesquisadora Michele Prado, uma das autoras do relatório. O documento teve colaboração de um grupo de sete integrantes do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP. (Com Agência Estado)

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por