Commodities

Um bom sinalizador dos rumos que a economia está tomando é a evolução dos preços das commodities. Isso serve tanto para o cenário mundial, como para o cenário nacional, uma vez que o Brasil é um grande exportador de commodities, tais como soja, café, carne bovina, carne de frango, minério de ferro, açúcar, celulose e óleos brutos. 

Commodities 2

As commodities são produtos básicos, normalmente utilizados como insumos para a produção de bens e serviços, e que obedecem a uma padronização internacional de qualidade. Essa padronização permite a criação de mercados mundiais, nos quais as commodities são comercializadas de maneira intercambiável. Para o comprador de alumínio, não importa se ele é produzido na China, no Japão ou no Brasil. Ele sempre terá as mesmas características. 

FRASE

"A melhor medida da inflação é ver o que está acontecendo com o preço das commodities."
Stephen Moore, escritor norte-americano

Custo de Produção

O fato de serem produtos brutos ou semielaborados, utilizados como insumos em outros processos produtivos, faz com que o preço das commodities represente um custo para os principais processos industriais. Por exemplo, o custo de fabricação de automóveis está ligado ao custo de metais (como aço e alumínio) e ao custo da eletricidade (que é influenciado pelo preço das commodities energéticas).

Inflação

Assim, a alta no preço das commodities tem impacto na inflação, pois aumenta o custo de fabricação dos produtos finais. É uma típica inflação de custos. Os preços dos produtos ficam pressionados pelo aumento de seus custos e quando os repasses são feitos, mesmo que apenas parcialmente, acabam atingindo o consumidor final. 

Dólar

Se, por um lado, a alta das commodities é ruim para o controle da inflação, essa alta pode trazer também alguns benefícios ajudando a fortalecer o Real, uma vez que o Brasil é um exportador de commodities. A alta nos preços faz com que o valor exportado aumente, fazendo crescer também o fluxo de dólares que entra no país, ajudando a segurar a taxa de câmbio.

Banco Central

O Banco Central calcula um índice de commodities (IC) para monitorar os preços dos principais produtos básicos de relevância para a economia brasileira. O índice é composto por três índices setoriais, sendo um deles formado por commodities agropecuárias, outro por metais e o terceiro formado por commodities energéticas. 

Índice

No mês de junho o índice de commodities recuou -0,95% em relação ao mês anterior, com fortes recuos nas commodities agropecuárias (-2,27%) e metais (-5,20%), mas com avanço de preços para os produtos energéticos (+4,85%), compostos pelos preços do petróleo, gás natural e carvão. No acumulado do ano o IC acumula alta de +7,82% e em 12 meses a alta acumulada é de +32,13%. 

Metais 

As commodities metálicas (formadas por alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo, níquel, ouro e prata), registram uma forte queda de -15,7% em 2022. A demanda por metais é mais diretamente afetada pelo ritmo de crescimento econômico. Com expectativas de queda no crescimento mundial, os preços de muitos metais atingiram o menor patamar dos últimos 12 meses.

Agropecuária

Para as commodities agropecuárias (formadas por carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café, arroz, carne de porco, suco de laranja e cacau), apesar de terem registrado uma alta de quase 22% nos últimos 12 meses, os preços em Reais acumulam uma perda de -1,08% em 2022. Nesse caso o efeito da desaceleração mundial é menos direto do que para os metais.

Energia

Já para a commodities energéticas (petróleo do tipo Brent, gás natural e carvão), os preços seguem pressionados, com expressiva elevação de +103,8% nos últimos 12 meses, sendo que somente neste ano os preços desses produtos subiram em média +65,8%. E no caso da energia, o impacto sobre a inflação é muito maior do que qualquer benefício comercial, pois embora o Brasil exporte óleos brutos, somos importadores de combustíveis, gás natural e de carvão.