Combustíveis (Divulgação)
Os preços dos combustíveis continuam sendo uma fonte de incômodo para os consumidores e para o governo brasileiro. Muitos esperavam que com a Petrobras abandonando a política de preço de paridade de importação, o que aconteceu em maio deste ano, aconteceriam quedas imediatas nos preços dos combustíveis, provocando um alívio para o bolso dos brasileiros e redução dos índices de inflação. Mas não é o que está ocorrendo.
Preços
Segundo a pesquisa nacional de preços realizada pela ANP, a Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis, na semana passada a gasolina comum estava sendo vendida por um preço médio de R$ 5,57 por litro na cidade de São Paulo, enquanto o óleo diesel era vendido a um preço médio de R$ 6,01 por litro. O Sistema de Levantamento de Preços da ANP por cidades encontra-se indisponível e apenas os preços nas capitais têm sido divulgados.
FRASE
"A Petrobras não faz o preço do mercado, e tem sua política comercial definida de acordo com seus parâmetros técnicos, logísticos e operacionais".
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras
Reajuste
O último reajuste de preços realizado pela Petrobras ocorreu em 21 de outubro, quando a empresa reduziu o preço da gasolina em R$ 0,12/litro (-4%) e aumentou o preço do diesel em R$ 0,25/litro (+7%). Antes disso, em 15 de agosto, a empresa havia aumentado o preço da gasolina em R$ 0,41/litro (+16%) e do diesel em R$ 0,78/litro (+26%). Em 16 de maio, a empresa reduziu os preços em R$ 0,40/litro (-13%) para a gasolina e em R$ 0,44/litro (-13%) para o óleo diesel.
Política de Preços
Em maio deste ano, a Petrobras abandonou a política de acompanhamento do Preço de Paridade de Importação (PPI), que estava em vigor desde 2016. Segundo essa política, os preços de distribuição da Petrobras deveriam acompanhar os preços de importação dos combustíveis, fazendo com que o custo final para os brasileiros fosse influenciado pelas cotações internacionais do petróleo, pela taxa de câmbio e pelos custos de importação.
Política de Preços 2
A justificativa era a de que o Brasil não possui capacidade de refino de petróleo para produzir combustíveis em quantidade suficiente para atender a demanda interna e, por isso, precisa recorrer à importação. No caso do óleo diesel, as importações chegam a suprir 25% da demanda interna, enquanto para a gasolina esse percentual é de 12%. Se os preços internos ficassem abaixo da PPI, isso poderia inviabilizar a importação e deixar o mercado desabastecido.
Nova Estratégia
Ao abandonar a política de PPI, a Petrobras passou a adotar uma nova estratégia comercial que considera outros fatores para a determinação dos preços, como o custo marginal para a Petrobras (ou seja, quanto custaria aumentar a produção para atender a demanda) e os custos alternativos para os consumidores (o que pode ser considerado em um contexto mais amplo do que somente a importação, por exemplo).
Preços 2
Na primeira semana de maio deste ano, mês em que a política do PPI foi abandonada, na cidade de São Paulo a gasolina comum estava sendo negociada a um preço médio R$ 5,40 por litro enquanto o óleo diesel estava sendo vendido a um preço médio de R$ 5,62 por litro. Isso significa que, de lá para cá, a gasolina teve um aumento médio de +3,15% e o óleo diesel teve um aumento médio de +6,94% para o consumidor final.
Cotações
Desde o início de maio até hoje, o petróleo teve uma alta de +7,17% no mercado internacional, enquanto o dólar teve uma pequena queda de -1,86%. Ou seja, o petróleo ficou cerca de +5,18% mais caro em Reais neste período, o que é mais ou menos a faixa de aumentos que a gasolina e o óleo diesel tiveram.
Estrutura
A grande questão é que a estratégia comercial pode ser nova, mas o problema estrutural continua o mesmo: a insuficiente capacidade de refino de combustíveis. Enquanto esse problema persistir, o mercado de combustíveis continuará precisando da importação para estar em equilíbrio, e isso continuará impactando os preços internos.