RENATO NALINI

Campinas tem status de capital

13/11/2020 às 07:42.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:18
Renato Nalini é desembargador, reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove, palestrante e conferencista (DIVULGAÇÃO)

Renato Nalini é desembargador, reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove, palestrante e conferencista (DIVULGAÇÃO)

Depois de amanhã os eleitores vão escolher Prefeito e Vereador para os próximos quatro anos. Esta é uma escolha insólita. Somente há mais de um século se encontra situação análoga: a gripe espanhola de 1918. A Covid-19 deixa sequelas imorredouras nas pessoas e na economia. O protagonismo cidadão precisa de nítido reforço para encontrar alternativas. Uma urbe com a dimensão de Campinas é um dos municípios mais importantes do mundo. Não apenas pela população, mas pelo patrimônio tecnológico e cultural, pela situação de polo científico e sede de universidades as mais conceituadas do continente. Seja a Unicamp, seja a PUC-Campinas, são verdadeiros centros disseminadores do saber, que influenciam a região e ajudam a transformar o Brasil para melhor. O constituinte de 1988 conferiu uma categoria muito especial ao município brasileiro, erigindo-o a entidade da Federação. Não cuidou de propiciar recursos financeiros suficientes para o atendimento de todas as demandas, que são infinitas e tendem a aumentar a cada dia. Os novos administradores têm tarefa hercúlea pela frente. Sobram os invisíveis, os excluídos, os despossuídos, os hipossuficientes, os carentes, os sem teto, os sem emprego, os sem saneamento básico e os sem perspectiva. Mas um bom condutor de políticas públicas terá condições de envolver todos os segmentos detentores de capacidade de atuar, para formular estratégias de desenvolvimento acelerado. Não basta fazer mais do mesmo. Esta era reclama audácia e ousadia. Administrar é priorizar. Tudo é prioridade numa cidade como Campinas. Mas se algo merece uma atenção carinhosa, esse algo é o universo da educação. Provida de centros de excelência, Campinas tem o desafio de elevar a qualidade do ensino/aprendizado na escola pública. Esta luta com dificuldades crônicas. Excesso de burocracia, gestão centralizada que inibe a autonomia de cada unidade escolar, privando a nacionalidade de partilhar experimentos exitosos. Eles ocorrem por força do idealismo de diretores, em sua maioria mulheres, e de professores, também uma profissão prioritariamente feminina, que acreditam no eixo mágico do ensino. A pandemia evidenciou que o uso da internet veio para ficar. A adaptação foi melhor do que se esperava. Mas a Prefeitura tem obrigação de propiciar uso efetivo a todas as crianças, dotando os bairros periféricos de conectividade e banda larga. Fazer com que a cidade seja impregnada de vontade de se destacar em termos culturais é façanha que dignifica o homem público. Incentivar as iniciativas locais que promovam a leitura, intensificar o letramento daqueles que não foram adequadamente alfabetizados ou se incluem, ainda, no grupo felizmente reduzido de analfabetos em sentido estrito, é um projeto heroico. Há vários analfabetismos ainda constatáveis no Brasil e Campinas não pode pertencer à cifra dos que transigem com essa vergonhosa chaga. Os estudantes mais adiantados têm condições de alfabetizar os desprovidos de condições de leitura. Ajudar na interpretação de texto daqueles analfabetos funcionais. E todos somos aprendizes na arte de dominar a internet, o mundo web, a virtualidade que a informática, a eletrônica, a telemática, a cibernética, tudo junto e misturado, colocaram à nossa disposição. A nova gestão municipal e a nova legislatura devem se empenhar também em assumir a urgência da regularização fundiária. Não é algo que se resuma ao registro imobiliário. É uma questão de cidadania, que precisa de multidisciplinaridade e que culminará com incremento à economia local. Outro projeto de fácil execução é formar grupos cidadãos para desenvolver a participação política, rumo à democracia participativa prometida pelo constituinte e ainda não implementada. Tudo isso tem de estar na consciência do eleitor quando, neste próximo 15 de novembro, for escolher alcaide e o edil de sua preferência. Campinas merece uma Câmara Municipal à altura de sua dimensão, como verdadeira capital, dotada de tudo aquilo que uma grande metrópole tem de ter. E aqui, tudo em abundância, verdadeiro orgulho para a América Latina. O voto é o instrumento para tornar a cidade que se tem, na cidade com que se sonha. Deve ser exercido com prudência, sensatez e esperança em novos tempos. Chega de descrença, chega de desânimo. Avante, Campinas! Renato Nalini é desembargador, reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove, palestrante e conferencista

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