Na rede particular, Qdenga é recomendada para a faixa etária entre 4 e 60 anos; já no SUS, a estratégia adotada foi destinar a vacina para pessoas entre 10 e 14 anos (Kamá Ribeiro)
Diante da grave epidemia de dengue que assola Campinas neste momento, o Governo Federal revela uma negligência absurda e inaceitável ao excluir o município do plano de vacinação contra essa grave ameaça à saúde pública.
As cicatrizes indeléveis da febre amarela, que dizimou mais da metade da cidade no final do século XIX, ressurgem agora por meio do mosquito Aedes aegypti, propagando outra enfermidade igualmente séria, a dengue, desafiando a integridade do sistema de saúde local. Esta ironia histórica ecoa de maneira desdenhosa diante da indiferença do Governo Federal.
A recente confirmação pela Secretaria de Saúde de Campinas de casos de dengue causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus exige uma reflexão intensificada.
A circulação simultânea desses sorotipos desde 2021 e 2009 eleva o risco de casos graves, expondo a população a vírus aos quais não possuem imunidade. Crianças, adolescentes e adultos sem histórico de contato com esses sorotipos estão à mercê desta negligência do Ministério da Saúde. Este é um cenário desafiador que exige não apenas ação, mas uma resposta enérgica e urgente.
É imperativo compreender que o passado trágico de Campinas impõe uma responsabilidade ampliada às autoridades municipais, estaduais e federais. O combate a esta ameaça à saúde pública requer um apoio financeiro, logístico e humano substancial para implementar estratégias eficazes de prevenção e controle. A conscientização da população, com destaque na eliminação de criadouros do mosquito e na educação sobre os riscos da dengue, é uma medida indispensável.
Neste contexto, a vacinação surge como uma arma crucial contra a propagação da doença, e é inaceitável que o Governo Federal exclua Campinas do rol de cidades contempladas.
As autoridades federais de saúde devem garantir o acesso e a distribuição equitativa das vacinas, promovendo campanhas informativas intensivas para incentivar a imunização. Em um momento em que o presente ecoa os lamentos do passado, Campinas enfrenta um desafio que demanda determinação, cooperação e aprendizado das lições históricas.
Autoridades e cidadãos devem unir forças para preservar a saúde e o futuro desta cidade, enquanto o Governo Federal, com sua omissão gritante, deve ser responsabilizado e compelido a corrigir essa injustiça imediatamente.