Estudantes em sala de aula de Universidade (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Existe um conceito fundamental na administração financeira, muito utilizado nas salas de aula das disciplinas de finanças corporativas, através de uma definição curta e objetiva: cash is king (ou, em português, "o caixa é o rei"). Essa definição busca chamar a atenção dos estudantes para o fato de que o fundamental para a saúde financeira de uma empresa ou organização é o seu fluxo de caixa.
Objetivo Principal
Outros fundamentos também são importantes, como a lucratividade, as margens operacionais, os níveis de endividamento, os ativos de que a empresa dispõe, etc. No entanto, esses outros fundamentos só são importantes na medida em que proporcionam um fluxo de caixa robusto e longevo para a empresa. Esse é o objetivo principal de todas as operações que a empresa realiza, e de todos os produtos e serviços que ela oferece.
a frase
"O atraso frequentemente nos rouba oportunidades e a prontidão de nossas forças."
Nicolau Machiavel, filósofo italiano
Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é a quantidade de dinheiro que entra na empresa efetivamente a cada mês (ou a cada trimestre ou ano). São os recursos financeiros que a empresa terá à disposição para custear as suas operações do período seguinte, financiar eventuais expansões, além de remunerar o capital emprestado por credores e remunerar o capital investido pelos acionistas. Sem um fluxo de caixa robusto, alguma dessas atividades ficará comprometida.
Lucro
Para uma empresa, não basta ser lucrativa, ela deve gerar um fluxo de caixa positivo e adequado. Imagine uma fábrica que tenha um faturamento de R$ 100 milhões em um mês, suficiente para cobrir todos seus custos e despesas, pagar os impostos e ainda gerar um lucro líquido de R$ 30 milhões. Nada mal. No entanto, se a empresa vender toda a sua produção a prazo, ela não receberá nada agora e não terá recursos para pagar funcionários e matéria prima no mês seguinte.
Ciclo
Dependendo do ciclo financeiro, a empresa que não possui um fluxo de caixa adequado corre o risco de quebrar, mesmo sendo lucrativa. Pode não dar tempo de esperar pelo recebimento das vendas, por exemplo. Os compromissos atuais se acumulam e a empresa deixa de ter capacidade de operar. Quando finalmente os recursos tão esperados chegarem, pode ser tarde demais.
Ativos
O mesmo vale para os ativos. Instalações, equipamentos, estoques de produtos, etc. só têm valor na medida em que podem ser utilizados para a geração de fluxo de caixa. Sem isso, o valor intrínseco desses ativos é zero (ou quase de zero). A Kodak tinha instalações modernas, tecnologia de ponta e grande estoque de material para a produção de filmes fotográficos. Tudo isso virou pó quando a demanda mundial quase desapareceu.
Futuro
Uma empresa não vale pelo que ela tem hoje, mas pelos fluxos de caixa que ela é capaz de gerar no futuro. Como vimos, esses fluxos de caixa também não podem demorar muito para se realizarem, pois isso pode comprometer a saúde da empresa e eventualmente acabar liquidando com sua capacidade de sobrevivência. Os próximos resultados são mais importantes do que os resultados projetados para daqui a dez anos.
Resultado
Destas observações, extremamente valiosas para o sucesso das organizações, podemos fazer paralelos para a economia de um país. Não basta ter riquezas minerais e recursos naturais abundantes, é preciso aproveitá-los de maneira inteligente, produzindo resultados sustentáveis no longo prazo. Da mesma forma, não basta ser eternamente o país do futuro, os resultados precisam começar a aparecer.
Resultado 2
O fluxo de caixa é rei. É o fluxo de caixa que permite o financiamento da continuidade das operações, o seu crescimento e também o pagamento de retorno aos credores e acionistas. No caso da administração pública, os fluxos de caixa são os resultados fiscais obtidos. Sem resultados positivos, fica-se dependente do financiamento a partir de credores (mais dívida) ou de novos investimentos dos acionistas (nós, contribuintes).