Bitcoin (Freepik)
Depois de ter atingindo enorme valorização no ano passado, obtendo ganhos de 154% em sua cotação ao longo de 2023, o Bitcoin começou este ano oscilando e andando de lado durante o mês de janeiro. Agora, nas duas primeiras semanas de fevereiro, a criptomoeda voltou a acelerar o ritmo e já obteve uma valorização adicional de pouco mais de 21% em apenas 15 dias, com sua cotação ultrapassando os US$ 51,8 mil na quinta-feira.
Altas e Baixas
É verdade que o Bitcoin ainda não recuperou a sua máxima histórica, registrada em novembro de 2021, quando a criptomoeda superou os US$ 65 mil. Com a pandemia de Covid-19, o Bitcoin começou a perder valor. Em época de crise, as pessoas querem valor real e o que é mais especulativo evapora. No final de 2022, o Bitcoin chegou a acumular uma perda de 75% de seu valor em relação à máxima histórica, fechando aquele ano a pouco mais de US$ 16,6 mil.
FRASE
"Bitcoin é como qualquer outra coisa: vale o que as pessoas estão dispostas a pagar por ele".
Stanley Druckenmiller, investidor norte-americano
Oferta e Procura
Depois das perdas amargas, 2023 foi um ano de forte recuperação e, por enquanto, o ritmo de valorização continua forte. Mais do que fruto de mera especulação, dessa vez a alta no valor do Bitcoin está dentro de um contexto econômico. Os fundamentos dessa alta - se é que se pode falar em fundamentos sobre qualquer coisa relacionada a Bitcoins - estão relacionados com duas velhas conhecidas: a oferta e a procura.
Criptomoeda
O Bitcoin é uma criptomoeda, uma moeda digital sem nenhuma representação física e nenhuma correspondência de valor no mundo real. O Bitcoin existe por causa de uma tecnologia chamada blockchain, uma espécie de código imenso e compartilhado entre vários computadores, que funciona como registro de todas as operações com Bitcoins. Cada parte do código é um bloco (block) e as partes se relacionam em uma longa corrente (chain).
Blockchain
Cada Bitcoin é um bloco na blockchain e para criar um novo Bitcoin, deve-se adicionar mais um bloco de códigos a essa longa corrente. No entanto, a criação do novo bloco deve seguir regras específicas, chamadas de algoritmo de consenso, para que todos os computadores reconheçam esse novo bloco de códigos. O algoritmo de consenso do blockchain é como um "problema de matemática" a ser resolvido.
Escassez
Os primeiros Bitcoins foram muito fáceis de criar, porque a corrente de blocos era pequena e o algoritmo era pequeno. No entanto, a cada novo bloco, esse "problema de matemática" fica mais difícil de ser resolvido. Agora são necessários grandes computadores, funcionando em conjunto para criar um Bitcoin, consumindo enormes quantidades de energia. Sendo assim, na lógica deste processo criou-se uma escassez programada de Bitcoins.
Escassez 2
Além disso, como o esforço computacional demandado é cada vez maior, consumindo mais energia. A mineração de Bitcoins, além de ser cada vez mais difícil, tem se tornado mais cara também. As cotações do petróleo e do gás natural, as melhores referências para o preço internacional da energia, não estão nas máximas, mas estão mais altas hoje do que estavam quando o Bitcoin atingiu sua máxima histórica.
Demanda
A escassez de oferta programada do Bitcoin contribui para forçar o seu preço para cima, mas sozinha não justifica a valorização. Sem demanda, a oferta pode ser restringida à vontade, que os efeitos sobre os preços são insignificantes. A questão é que existe demanda por Bitcoins e uma demanda crescente, ocasionada pela liberalização de ETFs baseados em Bitcoins.
Demanda 2
Os Estados Unidos liberaram a venda de ETFs baseados em Bitcoins. ETFs são fundos de investimento que replicam a valorização de ativos específicos, tornando mais fácil às pessoas fazer o investimento nesses ativos. Para que esses fundos não sejam vendidos sem lastro e fiquem descobertos, as instituições financeiras que vão oferecer os ETFs devem comprar Bitcoins. Em grandes quantidades.