Bilionários

Em um mundo onde a riqueza é frequentemente vista como símbolo de sucesso, a lista anual dos bilionários do mundo, divulgada pela revista Forbes, é um lembrete de como a fortuna está concentrada globalmente. Em algumas pessoas, a lista dos bilionários da Forbes provoca fascínio e admiração. Em outras, indignação e revolta. Para além dessas emoções, o que a concentração de riqueza realmente nos diz sobre a economia global e a sociedade em que vivemos?

Critério

Segundo a revista Forbes, o critério para entrada no clube dos bilionários era deter, no início de março, um patrimônio líquido de pelo menos US$ 1 bilhão (equivalente a R$ 5,05 bilhões). Este patrimônio líquido pode ser formado de várias maneiras, desde participações em empresas a imóveis, passando também por coleções de carros e obras de arte e, é claro, dinheiro no banco, embora esse seja o menos importante. 

FRASE

"Sempre há espaço no topo."

Daniel Webster, ex-senador norte-americano

Números
A divulgação da Forbes mostra que o número de bilionários no mundo alcançou um recorde de 2.781 indivíduos, com suas fortunas combinadas atingindo astronômicos US$ 14,2 trilhões. Isso é uma ilustração da concentração de riqueza em níveis quase difíceis de compreender. Esse seleto grupo, que representa 3 pessoas a cada 100.000 habitantes do planeta Terra, detém US$ 3 de cada US$ 100 acumulados em riqueza no mundo. 

Perspectiva
Para colocar isso em perspectiva, podemos fazer uma comparação com o PIB brasileiro, que foi de R$ 10,9 trilhões (US$ 2,16 trilhões) no ano passado. Apesar de serem medidas diferentes (um trata-se de riqueza acumulada e outro de produção), é possível fazer um paralelo: seriam necessários 6 anos e meio da produção realizada em todo o Brasil, para gerar um valor equivalente à fortuna acumulada hoje pelos bilionários do mundo. 

Desigualdade Interna
Existem grandes desigualdades até mesmo dentro da classe dos bilionários. Enquanto os últimos da lista possuem US$ 1 bilhão (por definição), o primeiro colocado detém uma fortuna estimada em US$ 233 bilhões. Ele é Bernard Arnault, magnata francês do setor de artigos de luxo, liderando um conglomerado que inclui marcas como Louis Vuitton, Tiffany e Sephora. As dez pessoas mais ricas do mundo possuem uma fortuna somada estimada em US$ 1,56 trilhão.

Brasil
Existem 69 brasileiros na lista de bilionários da Forbes, o que é mais ou menos a mesma participação brasileira na população mundial (cerca de 2,5%). O brasileiro mais bem colocado é Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, que mora em Cingapura e tem uma riqueza estimada em US$ 28 bilhões, ocupando a 60ª posição. Em 2012, o brasileiro Eike Batista chegou ao 7º lugar do ranking da Forbes, mas logo a seguir o valor do grupo EBX começou a ruir e, em 2021, ele chegou a ser preso por fraude contra o mercado financeiro.

Nunca Tantos
O número de bilionários no mundo nunca foi tão grande e o valor de sua fortuna somada nunca foi tão alto. No entanto, isso não tem a ver com um eventual ciclo de prosperidade econômica. Esse número foi impulsionado pelo recente boom de ações de empresas ligadas à tecnologia e pela alta das criptomoedas. Quem tem esses ativos, viu sua riqueza ser multiplicada nos últimos doze meses. 

Saídas
Além do aumento líquido de bilionários no mundo, a lista da Forbes também registrou saídas. Foram 189 pessoas que deixaram a lista de bilionários. Alguns por conta da ruína de suas empresas, e outros por falecimento. Entre os falecidos, estão o investidor Charlie Munger, que era sócio do magnata Warren Buffett, e também o empresário brasileiro Abílio Diniz.

Sociedade
A desigualdade é uma realidade persistente. Enquanto alguns celebram os feitos de magnatas da tecnologia e herdeiros de fortunas bilionárias, muitos outros lutam para atender às necessidades básicas. O desafio está em encontrar maneiras de garantir que a riqueza, mesmo quando concentrada, beneficie o maior número possível de pessoas, ao invés de permanecer estéril nas mãos de poucos