XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Ata do Copom

Estéfano Barioni/[email protected]
16/05/2024 às 18:48.
Atualizado em 16/05/2024 às 18:48
 (Marcello Casal Junior/Agência Brasil/Arquivo)

(Marcello Casal Junior/Agência Brasil/Arquivo)

Foi divulgada a ata da 262ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, e que promoveu um corte de apenas 0,25 ponto percentual na taxa Selic, levando-a de 10,75% para 10,50% ao ano. Essa decisão alterou o ritmo de alívio monetário e contrariou a indicação do próprio Copom sobre o que aconteceria nessa reunião. Para a maioria das pessoas, esses números e decisões podem parecer distantes, mas seus impactos são bem reais no dia a dia.

Exterior

O cenário externo tem sido um dos principais fatores que influenciam as decisões do Copom. A incerteza em relação ao início da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e a velocidade da queda da inflação global têm gerado um ambiente de cautela. Os bancos centrais das principais economias estão empenhados em trazer a inflação para suas metas, mas isso tem se mostrado um processo difícil devido às pressões nos mercados de trabalho.

a frase

“Mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação.”

Trecho da Ata da 262ª reunião do Copom

Interno

No cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm mostrado um dinamismo maior do que o esperado. Embora a inflação ao consumidor esteja em trajetória de desinflação, esse processo tem se tornado mais lento. Diante disso, o Copom avalia que, mesmo com surpresas positivas recentes na inflação, as projeções de médio prazo se tornaram mais desafiadoras.

Prudência

A decisão do Copom de reduzir a taxa Selic em apenas 0,25 ponto percentual, em vez de 0,50 ponto como havia sido sinalizado, reflete uma postura de maior cautela. A perspectiva de uma política fiscal menos disciplinada e a piora do cenário externo justificam essa prudência. O Comitê observou que as expectativas de inflação continuam desancoradas, o que significa que o mercado não está totalmente confiante de que a inflação futura estará dentro das metas estabelecidas.

Mercado de Trabalho

Um dos pontos centrais discutidos na reunião do Copom foi a relação entre o mercado de trabalho e a inflação. A resiliência do mercado de trabalho, com taxas de desemprego em queda e geração de empregos formais em alta, contribui para um cenário de maior pressão salarial, que pode se traduzir em aumentos de preços.

Hiato do Produto

Embora ainda não haja evidências conclusivas de que o mercado de trabalho esteja impactando diretamente a inflação atual, a combinação de uma atividade econômica mais robusta e um mercado de trabalho apertado pode significar que o hiato do produto - que é a diferença entre o que a economia está produzindo e o que poderia produzir sem gerar inflação - está menor.

Estados Unidos

Outro aspecto relevante é o impacto da política monetária dos Estados Unidos sobre o Brasil. Os efeitos de transmissão do cenário externo sobre a economia brasileira seguem sendo monitorados. A persistência de uma política monetária de juros elevados nos EUA tende a atrair capitais globais e desvalorizar moedas de mercados emergentes, como o Real.

Política Fiscal 

O Comitê novamente destacou a importância de uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública. A percepção de piora na situação fiscal brasileira, refletida pelo aumento dos prêmios de risco, contribui para a desancoragem das expectativas de inflação. Assim, a condução responsável da política fiscal é essencial para alcançar os objetivos de controle da inflação.

Decisão

A decisão do Copom de moderar o ritmo de cortes na taxa Selic foi baseada na análise do cenário externo adverso, da resiliência do mercado de trabalho doméstico e das expectativas de inflação desancoradas. Se esta foi uma decisão apertada, definida por 5 a 4 em votação no Comitê, outra decisão foi unânime. A de que não haverá mais indicações de movimentos futuros, por conta das incertezas globais. Tudo dependerá do que for acontecendo.

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