xeque-mate da economia

Ata do Copom

Estéfano Barioni
23/06/2022 às 20:57.
Atualizado em 24/06/2022 às 08:36
O objetivo do Copom é trazer a inflação para 4% ao ano ao final de 2023 (Divulgação)

O objetivo do Copom é trazer a inflação para 4% ao ano ao final de 2023 (Divulgação)

A ata da 247ª reunião do Copom, divulgada nesta semana, trouxe informações relevantes e a certeza de que o processo de elevação da taxa básica de juros persistirá por mais algum período. Na reunião da semana passada, o Copom decidiu elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Agora, a taxa básica de juros da economia brasileira está em 13,25% ao ano, o maior nível desde janeiro de 2017. 

Riscos

Além de "inflação", é claro, duas das palavras mais utilizadas em toda a ata da reunião do Copom são "riscos" e "incertezas". De fato, o momento atual é caracterizado por um forte nível de incerteza no enfrentamento de conjunturas que ainda não haviam acontecido. Mal estamos saindo de uma pandemia, cujas consequências no campo econômico são ainda duradouras, como passamos a enfrentar também outros choques de oferta por conta da guerra na Ucrânia. 

FRASE

"É como uma balança; quando as taxas de juros descem, os preços sobem."
Bill Gross, gestor de fundos norte-americano

Impactos Externos

As interrupções das cadeias internacionais de fornecimento provocaram a falta de suprimentos e a elevação exacerbada dos preços das commodities, logo no período de recuperação econômica pós-pandemia. Recentemente, novos fechamentos na China para a contenção dos casos de Covid-19 provocaram novos choques de oferta. 

Inflação

Somando-se a isso, temos a guerra na Ucrânia que levou o preço do petróleo e do gás natural para patamares mais elevados, e contaminando toda a economia global através dos custos da energia que subiram mais de 40%. Com isso, as pressões inflacionárias ganham força, e as medidas necessárias ao seu enfrentamento podem arrastar a economia global para um período de baixo crescimento. 

Cenário Interno

No Brasil, os índices de inflação finalmente começaram a ceder, embora a inflação geral ainda esteja em patamares muito além dos aceitáveis. Segundo a ata do Copom, grande parte dos efeitos da política monetária contracionista ainda serão sentidos e o processo de queda dos preços deve se estender durante todo o próximo semestre, avançando ainda em 2023. 

Inflação

O objetivo do Copom é trazer a inflação para 4% ao ano ao final de 2023. Qualquer medida de política monetária tomada a partir de agora já não surtiria efeitos significativos em 2022, por conta da inércia do sistema econômico, e terminaremos o ano novamente com inflação acima do teto da meta. Projeta-se que a inflação encerre 2022 entre 8,5% e 9,0% ao ano. 

Medidas Tributárias

O Copom avalia que as medidas tributárias que estão em tramitação, como a que altera a cobrança de ICMS sobre os combustíveis e a energia elétrica, por exemplo, podem trazer reduções sensíveis na inflação deste ano. Apesar disso, segundo o Copom, essas medidas devem elevar a inflação prevista para 2023, embora em menor magnitude. Isso acontece porque estimulam a demanda em uma situação de fornecimento já bastante estressada. 

Cenário 

A própria evolução da atividade econômica nacional e mundial e outras medidas que também venham a afetar a política fiscal são os fatores que adicionam mais incertezas no horizonte de planejamento monetário, ou seja, até 2023. Nas últimas projeções de mercado, a taxa de juros terminaria este ano em 13,25% e fecharia 2023 aos 10% ao ano. 

Mais Aperto

No entanto, talvez o ponto mais relevante da ata do Copom é a afirmação de que para manter o objetivo de inflação a 4% em 2023 é provável que o aperto monetário tenha que avançar em campo ainda mais contracionista e manter-se nesse território por mais tempo. Traduzindo, os juros terão que subir ainda mais e manter-se elevados por mais tempo. 

Projeção

A próxima reunião do Copom será realizada nos dias 2 e 3 de agosto, depois da reunião do Fomc (seu equivalente nos Estados Unidos) que antecipou a sua reunião por conta das férias de verão. É previsto mais um aumento de 0,5 ponto percentual, o que elevaria a Selic a 13,75% ao ano. E este pode ainda não ser o último aumento do ciclo de aperto monetário.
 

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