xeque-mate economia / por estéfano barioni

Alta dos Juros

Estéfano Barioni
26/07/2022 às 21:04.
Atualizado em 27/07/2022 às 08:39
A alta dos juros tem sido a tendência da economia mundial para enfrentar a subida dos preços (Reprodução)

A alta dos juros tem sido a tendência da economia mundial para enfrentar a subida dos preços (Reprodução)

A alta dos juros tem sido a tendência da economia mundial para enfrentar a subida dos preços. A inflação nas principais economias do mundo já atingiu os maiores níveis das últimas décadas. Em abril deste ano, a inflação acumulada em 12 meses no Brasil superou 12% ao ano, o maior patamar dos últimos 20 anos. Nos Estados Unidos, a inflação é a maior dos últimos 40 anos. 

Inflação

A elevação das taxas de juros é o instrumento mais tradicional para combater a inflação. Com juros mais altos, existe menor circulação de dinheiro pois o crédito fica mais caro e escasso. Além disso, os consumidores passam a ter mais incentivos para poupar, pois o dinheiro no banco passa a render mais. Com menos dinheiro à disposição, o consumo de curto prazo cai e os preços são puxados para baixo devido à menor demanda.

FRASE

"Até os banqueiros centrais têm um coração."
Mario Draghi, ex-primeiro ministro italiano

Atividade

Como efeito colateral, a menor demanda induzida pelos juros mais altos desacelera o crescimento econômico. Menos vendas são realizadas no curto prazo devido ao menor volume de dinheiro disponível em circulação. Além disso, como o crédito fica mais caro, algumas empresas adiam projetos de investimento. 

Brasil

Em menos de um ano e meio, o Banco Central do Brasil já promoveu um significativo aumento da taxa de juros básica, que passou de 2% ao ano, em março de 2021, para os atuais 13,25% ao ano. Aumentos adicionais são possíveis, e até prováveis, pois os índices de inflação continuam elevados. A reunião do Copom acontece na semana que vem e existem grandes chances de que a taxa Selic seja elevada a 13,75%. 

Exterior

No exterior, de um modo geral os bancos centrais também têm promovido aumentos nas taxas de juros, embora tenham iniciado este processo somente neste ano. É o caso de Reino Unido, Canadá, Austrália e União Europeia, para citar apenas as economias centrais. O Banco Central Europeu promoveu um aumento de juros na semana passada, depois de um período de pouco mais de 6 anos com juros mantidos a 0%. 

FOMC

Nos Estados Unidos, o FOMC (órgão equivalente ao Copom, o nosso Comitê de Política Monetária) decide hoje qual o valor da nova taxa de juros da economia americana. A reunião foi antecipada devido às férias de verão no hemisfério norte. A decisão será divulgada hoje, no fim do dia. Na última reunião do FOMC, os juros foram elevados em 0,75 ponto percentual, alcançando 1,75% ao ano.

FOMC 2

O mais provável é que o FOMC promova hoje um novo aumento de 0,75 ponto percentual, fazendo com que a taxa de juros nos Estados Unidos alcance 2,50% ao ano. No entanto, como a inflação norte-americana do último mês bateu o recorde dos últimos 41 anos, existe a possibilidade ainda de um aumento mais forte, de 1 ponto percentual. Um aumento mais baixo do que 0,75 p.p. está completamente descartado. 

Impactos

A decisão é relevante para o Brasil pois produz impactos no câmbio. Taxas de juros mais altas nos Estados Unidos fortalecem o dólar perante outras moedas do mundo, pois a renda fixa norte-americana passa a remunerar mais, atraindo investidores e recursos internacionais. Essa atração reduz a oferta de dólares nos outros mercados, fortalecendo o valor da moeda americana. 

Equilíbrio Cambial

Este mecanismo de equilíbrio cambial deve ser um dos fatores que contribuirão para que o Banco Central brasileiro tenha que promover aumentos adicionais na taxa de juros brasileira. O objetivo, nesse caso, é manter estável o diferencial de juros entre os dois países, fazendo com que não exista fuga de recursos que atualmente estão aplicados aqui. 

Expectativa

Tudo indica que a decisão do FOMC será por um aumento de 0,75 ponto percentual. Um aumento dessa magnitude já é dado como certo e seu anúncio não causará danos adicionais aos mercados e à expectativa de crescimento mundial. Mas se o aumento for maior do que esse, poderemos ter uma "ressaca" nos mercados e uma nova subida do dólar.
 

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