XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Alta dos Juros

Estéfano Barioni
19/06/2022 às 10:29.
Atualizado em 19/06/2022 às 10:29
Copom (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Copom (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Nesta semana, o Copom encerrou a 247ª reunião de sua história, na qual decidiu por promover mais um aumento na taxa básica de juros da economia. O aumento dessa vez foi de 0,5 ponto percentual, como já era largamente esperado pelo mercado. Com isso, agora a taxa Selic alcança o valor de 13,25% ao ano, que é o maior nível desde o começo de janeiro de 2017.

Alta dos Juros 2

Este foi o décimo-primeiro aumento consecutivo realizado pelo Copom. Por outro lado, foi o aumento de menor magnitude de toda essa série, dando sinais de que o ciclo de aperto monetário possa estar perto do fim. Mas a expectativa de que esse poderia ser o último aumento da taxa de juros desse ciclo caiu por terra com o comunicado que acompanhou a decisão do Copom.

FRASE

“A economia americana está bem posicionada para lidar com uma política monetária mais rígida."

Jerome Powell, presidente do FED

Cenário Externo

O Copom levou em conta o contexto do cenário externo, que se deteriorou ainda mais em relação aos últimos meses. O aumento da inflação nas principais economias do mundo, superando todos os níveis históricos recentes, irá exigir o aumento das taxas de juros em todo o mundo, além da retirada de quaisquer estímulos econômicos. 

Crescimento Baixo

Com isso, a previsão é de que o crescimento econômico mundial fique bem abaixo do que era a expectativa no começo do ano, quando o ânimo da retomada econômica ainda prevalecia. No cenário atual, as economias emergentes tendem a sofrer mais, pois além da inflação interna, existe o risco de desvalorização cambial e queda da demanda internacional por commodities. 

Inflação

A inflação segue alta e persistente, embora a última medição tenha registrado uma queda no acumulado em 12 meses. De qualquer forma, a projeção é que a inflação termine 2022 acima de 8,5% ao ano. A convergência para valores abaixo do teto da meta, que é de 5%, só aconteceria em 2023, quando a inflação deve recuar para 4% ao ano, segundo as projeções. 

Projeções Juros

Essas projeções fazem parte do cenário base do Copom, em que a taxa de juros termina o ano a 13,25%, sendo reduzida para 10% em 2023 e posteriormente sendo novamente reduzida para 7,5% em 2024. Isso é, se tudo acontecer conforme o esperado. Uma das hipóteses do cenário base é que o barril do petróleo termine o ano cotado a US$ 110. Hoje o preço está acima dos US$ 120. 

Riscos

Entre os riscos que podem comprometer o cenário base estão a conjuntura econômica externa (o preço do petróleo pode não cair, por exemplo) e a situação fiscal do país. Na ânsia de diminuir os efeitos da inflação sobre o consumo, a adoção de políticas fiscais que sustentem a demanda pode causar a deterioração das contas do governo, agravando a situação inflacionária a partir da elevação das expectativas de inflação. 

Juros nos Estados Unidos

Outro ponto a ser considerado é a política monetária dos Estados Unidos, que elevou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual, mais do que o esperado pela maioria dos agentes. Um aumento mais rápido das taxas de juros americanas pode ter impacto mais forte no crescimento econômico mundial, pressionando também a taxa de câmbio no Brasil, pois a renda fixa em dólar se torna mais atrativa.

Dinâmica

O Brasil iniciou o seu processo de aperto monetário muito antes das economias centrais, mas nem por isso temos garantia de que nosso ciclo terminará muito antes. A elevação da taxa de juros no Brasil começou por conta da pressão inflacionária interna. Agora é preciso considerar também as pressões na taxa de câmbio, produzidas pela elevação dos juros externos. 

Trajetória

Para a próxima reunião, cuja decisão ocorre em 03 de agosto, o Copom já antevê um novo aumento de 0,50 ou 0,25 ponto percentual na taxa de juros. Dessa vez, a decisão dos juros nos Estados Unidos acontece mais cedo, no dia 27 de julho, por causa das férias de verão no hemisfério norte. Se lá acontecer um novo aumento de 0,75 p.p., o aumento aqui deverá ser de 0,5 p.p., para não deixar o diferencial de juros diminuir muito.

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