Ações em queda

A Bolsa de Valores de São Paulo vinha se recuperando muito bem em 2022. Depois de começar o ano cotada a 104.822 pontos, o Ibovespa chegou a alcançar 121.570 pontos no começo deste mês, em uma forte valorização de 16%. Mas de lá para cá, o Ibovespa voltou a perder valor e atualmente está cotado na faixa dos 108.200 pontos, um recuo de 11% em apenas um mês.

Motivos

Os motivos para o recuo do Ibovespa estão relacionados à piora no cenário econômico internacional. Entre os principais fatores estão a guerra na Ucrânia, novos surtos de Covid-19 na China provocando novos fechamentos, e a forte inflação nos Estados Unidos que motiva o banco central americano a adotar uma política monetária mais contracionista. 

FRASE

"Quando os ventos da mudança sopram, alguns constroem muros enquanto outros constroem moinhos"
Provérbio Chinês

Guerra na Ucrânia 

A guerra na Ucrânia segue, com a Rússia intensificando os ataques sobre cidades onde o conflito já não estava mais acontecendo. Além da tragédia humana que aumenta cada vez mais, os efeitos econômicos também vão se intensificando. Além disso, há a perspectiva de que as sanções econômicas impostas pelo ocidente não estão surtindo o efeito esperado. 

Novas Sanções

Seja porque a Rússia acumulou reservas suficientes antes do conflito, ou porque tem conseguido "driblar" as retaliações econômicas através das relações com a China ou através do uso de ativos alternativos, como criptomoedas, o fato é que a guerra pode se arrastar durante um longo tempo. Nesse cenário, novas sanções ainda mais profundas podem ser impostas como retaliação ao governo russo, com efeitos colaterais negativos sobre toda a economia mundial.

Covid-19

Novos surtos de Covid-19 eclodiram na China e estão provocando fechamentos por lá. A China tem adotado uma postura de tolerância zero contra o Covid, isolando e colocando em quarentena qualquer área em que surjam casos da doença. Nesse contexto, a cidade de Shanghai está sob lockdown há quase um mês e recentemente focos de Covid-19 foram detectados em Pequim. 

Lockdown

Shanghai é responsável por 4% do PIB chinês enquanto Pequim responde por cerca de 3,5%. Juntas, as duas cidades produzem quase 1,5% do PIB mundial. O lockdown prolongado em Shanghai tem prejudicado muito a atividade econômica. Se Shanghai e Pequim forem fechadas ao mesmo tempo, isso será um golpe ainda maior para as expectativas de crescimento mundial. 

Atrasos

Os fechamentos na China estão novamente impactando a logística e o comércio internacional. O tempo médio de espera de navios nos portos chineses, que era de 24 horas, já dobrou e continua com tendência de alta. Isso implica em atrasos, aumento dos custos de transporte e falta de produtos onde eles são necessários. Ou seja, todos os ingredientes para a inflação de oferta. 

Inflação

Com a pressão do aumento de custos logísticos e possível falta de alguns insumos nas cadeias de produção globais, a inflação deve continuar em alta. No Brasil e em todo o mundo. No caso dos Estados Unidos, a inflação verificada por lá é a maior dos últimos 40 anos e o banco central americano já iniciou um ciclo de alta dos juros que deve perdurar até o fim do ano. 

Aversão ao Risco

A perspectiva de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos aumenta a aversão ao risco, refletindo nas bolsas de valores do mundo todo. Com juros maiores, há menor perspectiva de crescimento e os investidores evitam as oportunidades de maior risco. No Brasil, a maior rentabilidade da renda fixa norte-americana também causa valorização do Dólar frente ao Real.

Desafios

Nesse contexto, a economia internacional está atravessando o cenário mais desafiador desde a eclosão da pandemia. De um lado temos os ingredientes de inflação de oferta que podem ser duradouros, de outro ainda existem estímulos à demanda para compensar os efeitos da pandemia. Quando o cenário externo é desafiador, as soluções internas se tornam muito importantes para fomentar o crescimento.