Cemitério de Campinas (Arquivo PMC)
Neste dia, nossos corações se voltam para um momento de reflexão e memória, onde a finitude encontra-se com a eternidade: o Dia de Finados. Ao revisitarmos a lembrança dos que partiram, mergulhamos nas profundezas filosóficas que a morte nos apresenta. Santo Agostinho, um dos pilares da teologia cristã, oferece-nos uma perspectiva que transcende o luto, convidando-nos a enxergar a morte como um elo vital na jornada da existência. Para ele, a morte não é o ponto final, mas sim uma transição, um portal que nos leva a uma dimensão superior. Sobre isso, Agostinho nos ensina: "A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo (...) Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi." Percebe-se claramente que Agostinho instiga-nos a considerar a vida após a morte não como uma mera continuação, mas como a realização plena do propósito divino.
São Tomás de Aquino, por sua vez, compartilha uma visão convergente com Agostinho, delineando a morte como um caminho rumo à bem-aventurança. Para ele, a morte não é o fim da jornada, mas o início de uma união mais íntima com Deus. Nessa sinfonia teológica, Agostinho e Tomás entrelaçam suas vozes, concordando que a morte não é o apagar da luz, mas a entrada em uma claridade mais intensa. Entretanto, São Francisco de Assis, o "Poverello", tece uma melodia diferente. Para o santo que abraçou a pobreza e a simplicidade, a morte é uma irmã, uma amiga que nos conduz ao encontro com o Criador. Em sua ótica singular, a morte não é apenas um portal, mas uma aliada que nos liberta das amarras terrenas, permitindo-nos voar para os braços do Divino.
Agostinho, Tomás e Francisco, cada um a seu modo, apontam para a beleza que transcende a morte, convidando-nos a encarar esse mistério com olhos otimistas. Assim, ao prestarmos homenagens aos que partiram, celebremos não apenas a saudade, mas a certeza de que, segundo esses Doutores da Igreja, a morte é o prelúdio de algo grandioso. Em meio às lágrimas da despedida, cultivemos a esperança que floresce na certeza de que, para além deste mundo, aguarda-nos uma vida que transcende nossa mais vívida imaginação. Que este Dia de Finados seja, assim, mais do que uma jornada, mas uma celebração da transcendência da vida além da morte. Que as palavras de Agostinho, Tomás e Francisco ecoem em nossos corações, recordando-nos que, mesmo na morte, encontramos a promessa de um renascimento eterno. Paz e luz!