EDITORIAL

A natureza divina do corpo humano

Do Correio Popular
25/09/2022 às 17:36.
Atualizado em 25/09/2022 às 17:36
Agostinho nos desafia: Se não acreditamos no amor do Criador, como entender que o corpo expressa a história do amor divino por nós? (Reprodução)

Agostinho nos desafia: Se não acreditamos no amor do Criador, como entender que o corpo expressa a história do amor divino por nós? (Reprodução)

Santo Agostinho nos ensina que "o desejo mais profundo do coração humano é ser visto pelo olhar amoroso do outro". De acordo com o seu pensamento, nós fomos criados para sermos amados, vistos, valorizados e felizes. Acaso Deus seria tão apaixonado por nós que nos daria todas as suas criações? Para Agostinho, sim. O pôr do sol, por exemplo, o céu repleto de estrelas e as flores desabrochando. Ao contrário desse amor puro e incondicional, adverte Agostinho, o mundo nos oferece uma espécie de "amor instantâneo", superficial e fugaz, que adoece as pessoas. Em vez disso, Deus oferece um banquete de amor verdadeiro. O doutor da Igreja nos lembra que desde a criação, estamos destinados ao êxtase e à alegria eterna. Como seres humanos, nosso "Eros" (carnal) aponta para o "Ágape" (divino). 

Diversas culturas acreditam que os indivíduos são guiados por seus instintos. No entanto, dado que o pecado original subverteu a lógica, essa seria a razão pela qual, segundo Agostinho, os homens passaram a oprimir as mulheres e essas a negar as suas identidades. A criação do homem e da mulher é a expressão máxima do amor apaixonado de Deus, que culmina pela vida em comunhão: o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, gerando o Espírito Santo. Essa relação entre as três pessoas da Santíssima Trindade é comunhão, doação e íntima união. 

Nossos corpos foram criados por Deus e são a sua assinatura na terra. O próprio Deus tornou-se um corpo no ventre de Maria. Ele não precisa de nada, é amor perfeito, alegria perfeita, mas nos ama tanto que quer estender seu amor, quer compartilhar. O amor de Deus é tão grande por nós que deu sua vida, seu corpo, para nos salvar. Cristo tomou nossa carne para nos salvar da compreensão do verdadeiro significado do amor: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (João 15:12).

Agostinho nos desafia: Se não acreditamos no amor do Criador, como entender que o corpo expressa a história do amor divino por nós? A confusão se estabelece porque a cultura hodierna prega o corpo desprovido de significado e que podemos atribuir qualquer coisa a ele. Nossa cultura separa o corpo da alma, levando à morte. Vivemos em uma cultura de morte. Em oposição a isso, Agostinho tranquiliza a nossa alma dizendo que "se somos a expressão do Amor de Deus, então viemos do Amor. E qual é o nosso rumo? Para onde vamos? Nosso rumo nesta vida é o amor pleno, o céu e a eternidade. Bom domingo!

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