EDITORIAL

A lição dos chineses no leilão do TIC

Do Correio Popular
01/03/2024 às 08:22.
Atualizado em 01/03/2024 às 08:22
Leilão internacional foi realizado na B3 (antiga Bolsa de Valores), em São Paulo, e contou com a presença de representantes da região, como os prefeitos de Campinas (Dário Saadi) e de Jaguariúna (Gustavo Reis) (Marcelo S Camargo/Governo do Estado de SP)

Leilão internacional foi realizado na B3 (antiga Bolsa de Valores), em São Paulo, e contou com a presença de representantes da região, como os prefeitos de Campinas (Dário Saadi) e de Jaguariúna (Gustavo Reis) (Marcelo S Camargo/Governo do Estado de SP)

O Brasil, outrora a oitava maior economia mundial nos anos 80, assiste agora à ascensão da China como o principal investidor em grandes projetos nacionais. O leilão realizado ontem para a construção e operação do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas (Eixo Norte) não apenas ilustra uma mudança de panorama, mas também oferece lições valiosas sobre o poder transformador do investimento em educação e tecnologia. Nos anos 80, quando o Brasil florescia, a China mergulhava em uma época obscura, marcada por cantões de pobreza imensa. Contudo, a China escolheu o caminho do progresso através de investimentos massivos em educação e metas audaciosas em tecnologia. Essa estratégia levou a saltos imensos, invertendo a narrativa e transformando a China no maior investidor no Brasil, quase quatro décadas depois.

O apetite chinês por grandes projetos brasileiros é um alerta para todos nós. É uma demonstração de força financeira e arrojo nos negócios que não pode ser ignorada. A China, com sua visão de longo prazo e foco incansável em metas claras, destaca-se como um modelo de eficiência na implementação de megaprojetos. O consórcio sino-brasileiro C2 Mobilidade sobre Trilhos emerge como protagonista nesse cenário, vencendo o leilão do TIC, avaliado em R$ 13,5 bilhões. A C2 é fruto da parceria entre a gigante CRRC, principal fabricante de trens chineses, e a brasileira Comporte Participações, que opera o metrô de Belo Horizonte. A educação é o fio condutor desse sucesso. O investimento maciço na formação de sua população gerou uma força de trabalho altamente qualificada, essencial para o desenvolvimento tecnológico e industrial. Enquanto o Brasil reflete sobre seu papel global e busca atrair investidores, a China se posiciona como líder nos setores-chave, determinada a moldar seu destino e o de seus parceiros.

O TIC é um marco na evolução das relações comerciais sino-brasileiras. Este projeto não é apenas um meio de transporte eficiente, mas também um símbolo de uma parceria estratégica entre duas nações que, em tempos diferentes, navegaram águas turbulentas e agora veem os frutos de suas escolhas.

A China, com sua visão estratégica, mostra ao Brasil que, assim como os trilhos do TIC, o caminho para o progresso está pavimentado com investimentos em educação, tecnologia e cooperação internacional. Cabe ao Brasil absorver essas lições, ajustar sua trajetória e trilhar o caminho que leva à prosperidade sustentável no cenário global.

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