ESQUEMA

Operação da PF aponta desvios em fundos de pensão

Há menção, ainda, nos diálogos, a um ministro, mas a Polícia Federal não informa quem seria

Da Agência Estado
19/09/2013 às 19:39.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:12
Polícia Federal apreende carros de luxo de quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público (Agência Brasil)

Polícia Federal apreende carros de luxo de quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público (Agência Brasil)

A Operação Miqueias, deflagrada nesta quinta-feira (20) pela Polícia Federal, desarticulou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 300 milhões num período de um ano e meio e causou prejuízos de R$ 50 milhões a fundos de pensão municipais. Relatório da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF, ao qual o Estado teve acesso, relaciona entre os contatos do grupo criminoso deputados federais, estaduais e, pelo menos, um senador. Há menção, ainda, nos diálogos, a um ministro, mas a Polícia Federal não informa quem seria. O esquema consistia em aliciar agentes públicos para que as prefeituras investissem o dinheiro dos fundos de pensão em títulos indicados pelo grupo. Em troca, o gestor recebia uma parte do dinheiro. Esses investimentos eram em títulos com baixa remuneração, o que causou prejuízos em fundos de pensão de dez municípios. No total 20 pessoas foram presas, entre eles o policial civil aposentado do Distrito Federal Marcelo Toledo, réu no processo do mensalão do DEM, e o doleiro Fayed Traboulsi. Por causa da proximidade de integrantes do esquema com políticos, a PF irá enviar parte da investigação para a Procuradoria-Geral da República. Durante a investigação, o deputado federal Leandro Vilela (GO) foi fotografado ao lado dos deputados estaduais Daniel Vilela e Samuel Belchior, todos do PMDB, em almoço com Luciane Hoepers - uma das operadoras do esquema, segundo a PF. Belchior é presidente do partido em Goiânia. O deputado federal Luís Tibet (PTdo B-MG) também é citado numa conversa entre uma lobista e uma “pastinha”, como a PF identifica operadores do grupo criminoso. “ Lembra que eu te falei do Luís Tibet, o deputado que está me querendo puxar pro partido dele, tudo? Aí falei com ele... pra ele abrir tal os municípios deles aí eu ia pro partido dele e tudo”, disse Marta Lança - uma das investigadas, considerada peça-chave no esquema -, conforme o relatório da PF. “O diálogo é bastante esclarecedor para dar uma ideia da jogada política que é feita envolvendo deputados e os respectivos municípios de sua base aliada”, concluem os agentes federais. Lavagem. A Polícia Federal apurou também lavagem de dinheiro. Trinta empresas foram criadas pelo grupo, constituídas em nome de laranjas. Somente uma das empresas do esquema, a MC Incorporações e Consultoria movimentou R$ 63,5 milhões entre julho de 2011 a março de 2012. Os dois esquemas eram operados pelas mesmas pessoas. O comando da operação era de Fayed Traboulsi, que a PF descreve como “um dos maiores doleiros de Brasília”, e Marcelo Toledo. A PF fez ontem busca e apreensão em 38 endereços de nove Estados mais o DF e tinha mandados de prisão de 22 pessoas temporária e preventiva. Também foi pedida a prisão de Carlos Eduardo Carneiro Lemos, o Dudu, também apontado como um dos líderes do grupo. Ligado ao líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), Dudu estava foragido até o fechamento desta edição. Ele é conhecido como um eficiente operador de fundo de pensão. O deputado Leandro Vilela (PMDB-GO) diz não se lembrar do encontro com Luciana Hopers e não ter “relação com fundos de pensão”. O Estado tentou contato com o deputado federal Luís Tibet, mas as ligações feitas ontem para seu gabinete não foram atendidas. Os advogados dos suspeitos presos não foram localizados. Veja também Esquema revelado pela PF tinha base em Brasília Esquema de lavagem de dinheiro de fundos de pensão envolve políticos e policiais DF e mais 9 Estados são alvo de operação da PF Operação deflagrou duas organizações criminosas com atuações distintas: lavagem de dinheiro e outra de má gestão de recursos  

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