Prefeitura pretende intensificar a remoção de criadouros do Aedes aegypti e a telagem de caixas d?água nas regiões Norte e no limite da Sudoeste com Noroeste
A aposentada Neusa de Oliveira mostra terreno no Parque Ipiranga ( César Rodrigues/ AAN)
A Secretaria de Saúde de Campinas planeja intensificar a remoção de criadouros do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, e a telagem de caixas d’água nas regiões Norte e no limite da Sudoeste com Noroeste, para forçar o arrefecimento da epidemia. A força-tarefa está programada para esta semana e a próximas. As áreas são as com maior incidência de transmissão e a expectativa é que até o meio de abril o número de casos comece a se estabilizar e cair. O secretário de Saúde, Carmino de Souza, afirmou que a remoção de criadouros é um trabalho contínuo, mas que, nessa época, será preciso criar uma “mesa de controle”. “É como se fosse um tabuleiro. Vamos enviar equipes para onde houver demanda de casos e preocupação. Ainda não temos redução (de transmissão), mas queremos estabilizar a doença na cidade toda”, disse.Hoje, Campinas conta com o reforço do Exército (18 equipes) para fazer o trabalho em altura de telagem de caixas d’água. A ajuda também ocorreu no ano passado, quando a cidade sofreu a pior epidemia de dengue da história, com 41 mil casos confirmados em todo o ano. Uma empresa terceirizada, contratada pela Prefeitura, também realiza o serviço de nebulização para matar o mosquito vetor da dengue já adulto, que costuma ficar dentro das residências. A região Norte, onde estão bairros como o Jardim Eulina, Jardim Chapadão, Parque Via Norte e o distrito de Barão Geraldo, é a primeira no ranking de maior incidência em Campinas. São 1657casos de dengue por cada 100 mil habitantes. Em número absoluto, a região acumulou 3.082 casos desde janeiro, o que corresponde a 20% do total da cidade. O bairro que preocupa na região é o São Marcos, que concentra oficinas e empresas, que podem ter possíveis criadouros de dengue. Em seguida estão as regiões Sudoeste (área do Ouro Verde, Aeroporto de Viracopos e DICs ) e Noroeste (distrito do Campo Grande). A primeira tem 2.382 casos confirmados e a segunda, 2 mil. Campinas, no total, já conformou 14.901 casos de dengue em 2015. Outros 5.122 estão sob investigação. São três mortes confirmadas e outras seis aguardam resultados de exames para confirmação de morte por dengue. Com a mudança das ações para as três regiões, a Sul terá as ações reajustadas. A área foi a que mais preocupou a Prefeitura até a semana passada, por concentrar grande número de casos. A região engloba os bairros Swiss Park, Jardim Proença, Parque Prado Jardim Leonor, Vila Formosa, Jardim Campo Belo e Parque Oziel. O secretário de Saúde afirmou que, apesar das medidas preventivas realizadas desde o ano passado, o cenário regional (com cidades próximas vivendo epidemias), a alta temperatura e a crise hídrica — com pessoas reservando água em casa — contribuíram para a nova epidemia este ano.Medidas temporáriasSe conseguir o arrefecimento da epidemia, a Secretaria de Saúde pretende diminuir ou suspender ações temporárias como as salas específicas para hidratação nas unidades de saúde e a nebulização — considerada de baixo risco, mas que pode comprometer a saúde de pessoas suscetíveis. Hoje, existem salas de hidratação em 20 dos 64 centros de saúde. Na Unidade de Pronto Atendimento do Centro também é fornecido o serviço. Repelente Um terreno atrás da Rua Felizberto Caldeira Brant, no Parque Ipiranga, na região Sudoeste de Campinas, tem preocupado os moradores do entorno. O motivo é que o local acumula entulho, lixo e mato alto, e o medo é que seja um possível criadouro de dengue. O problema se arrasta há mais de 20 anos e, segundo os moradores, são os próprios vizinhos que jogam o lixo no local. Há baldes, pneus, sacolas plásticas e outros objetos que acumulam água da chuva. O mosquito Aedes aegypti bota ovos em água limpa e parada, em sua superfície. Mesmo se a água secar, com um período de calor, por exemplo, o ovo resiste e volta a eclodir quando houver água novamente. Ele prefere lugares pequenos e escuros. “Vivemos com repelente no corpo, ou espirrando aerosol na casa, para afastar os pernilongos. Porque são muitos, e eles não perdoam a gente. Sou idosa e tenho medo de pegar dengue”, disse a aposentada Neusa de Oliveira, de 70 anos. Ela mora na última casa da rua, ao lado do terreno, há 20 anos. O problema sempre esteve lá e nada foi feito, disse.A Prefeitura informou que vai averiguar o caso hoje, e que se necessário enviará equipes para fiscalizar o local. A Coordenadoria de Fiscalização de Terrenos (Cofit), órgão da Secretaria de Serviços Públicos, é responsável por avaliar denúncias como essa. Caso seja detectado foco do mosquito da dengue, o órgão acionará a Vigilância em Saúde para fazer a eliminação de criadouros. A Cofit também vai notificar o proprietário do terreno para que ele limpe a área. Um imóvel de dois andares no Jardim Proença (região Sul) também causa preocupação em moradores do entorno. O motivo é que ele está fechado há cerca de sete anos e não é possível verificar como está a caixa d’água, as calhas ou o ambiente interno. Um funcionário de uma empresa do entorno afirmou que há dois anos faz reclamações para a Prefeitura para verificar o problema. Segundo ele, duas funcionárias estão com dengue e há muitos mosquitos na região. A Prefeitura informou que verificará o caso esta semana. Geralmente, a Administração tenta contato com imobiliária ou proprietário. Caso não consiga, irá lançar mão da lei que modifica penalidades e obriga proprietários de imóveis fechados a fazer a limpeza dos locais no prazo de 48 horas.