PRECONCEITO?

ONG denuncia diretora de escola de RP por homofobia

Diretora teria advertido alunas, que são namoradas, por darem as mãos e se abraçarem

Luís Fernando Manzoli
23/04/2013 às 10:46.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:14

A ONG Arco Íris, de Ribeirão Preto, procurou a Defensoria Pública e a Diretoria Regional de Ensino para denunciar Maria Inês Seguessi, diretora da Escola Estadual Sebastião Fernandes Palma, na Vila Seixas, por homofobia.

Ela estaria perseguindo duas alunas – de 16 e 17 anos –, do último ano do ensino médio, por serem namoradas. Segundo uma das alunas, na última terça-feira (16) elas foram advertidas porque estavam abraçadas.

A adolescente, que não quis se identificar, disse à reportagem que foi a terceira vez que elas foram advertidas pelo mesmo motivo – e que só não teriam sido suspensas porque era semana de provas na escola.

Outro problema é que a diretora avisou as mães das jovens – que não sabiam da opção sexual das filhas. A mãe de uma delas, inclusive, teria dito que está “com nojo” da filha.

O presidente da ONG Arco Íris, Fábio de Jesus, disse que quer uma reunião com a Diretoria de Ensino de Ribeirão para falar sobre este caso e outros similares que aconteceram na mesma escola e em outras unidades do Estado.

O CASO

Uma das estudantes contou que começou a namorar sua colega no começo do ano passado, quando se mudou para a escola. “A diretora sempre pegou no nosso pé. A gente não se beija, a gente respeita. Mas temos amigos heterossexuais que se beijam o tempo todo e não acontece nada”, disse.

Segundo ela, em todas as vezes em que as duas foram advertidas, estavam apenas de mãos dadas ou se abraçando. “Na terça-feira a gente teve uma briguinha, e eu apertei a bochecha dela pra ela parar. A diretora passou e pensou que a gente estava se beijando”, afirmou a aluna.

"Depois ela ligou para nossas mães perguntando se elas sabiam que as filhas delas eram sapatão. Isso é uma coisa pessoal, ela não tinha esse direito."

OUTRO LADO

A diretora não foi localizada para comentar o assunto.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que as duas alunas não seriam suspensas. O órgão afirmou que a diretora da escola apenas orientou as estudantes sobre a proibição, prevista nas diretrizes da instituição, de beijos e carícias que possam ser consideradas como conduta inadequada dentro do ambiente escolar.

A secretaria disse ainda que a determinação “é válida para todos os alunos da escola, independentemente de gênero ou orientação.” A assessoria de imprensa disse que a comunicação aos pais em caso de advertência é praxe na instituição, também independente da opção sexual dos alunos envolvidos.

O órgão também afirmou que o combate ao preconceito é trabalhado na rede estadual de ensino por meio de programas como o Sistema de Proteção Escolar e o Prevenção Também Se Ensina.

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