LENDA

Onde o Bumba Meu Boi entra na dança do reggae

Música jamaicana convive em harmonia com manifestações folclóricas

Douglas Fonseca
douglas.fonseca
05/08/2013 às 15:42.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:29
Lenda da época dos escravos, o Bumba Meu Boi sobrevive pelas mãos de grupos folclóricos (REPRODUÇÃO)

Lenda da época dos escravos, o Bumba Meu Boi sobrevive pelas mãos de grupos folclóricos (REPRODUÇÃO)

Com tamanha miscigenação, não é de se surpreender que a cultura local seja tão multifacetada. A população sofreu influência de vários povos e, por isso, se acostumou a ritmos e manifestações de várias partes do mundo. No entanto, o reggae, ganhou espaço entre a população e hoje é um dos ritmos que mais representa o Estado. Como a música jamaicana chegou ao Maranhão ainda é um mistério, mas conta-se que os prostíbulos na beira do cais de São Luís tocavam música caribenha, principalmente a salsa e o bolero. Para atrair marinheiros, que dançavam o ritmo tradicional da terra de Bob Marley, as prostitutas teriam acrescentado discos reggae à coleção. Conta o povo que naquela época, o reggae era dançado em par, com os corpos colados, o que servia, para mais tarde, dar uma escapada até o andar superior do prostíbulo, onde ficavam os quartos. A cultura do “reggae coladinho” permanece até os dias de hoje e o Estado ganhou a alcunha de Capital do reggae brasileiro. Por lá acontecem espetáculos ao ar livre, semelhantes aos sound systems jamaicanos, com paredes forradas de caixas de som e picapes pilotadas por DJs. Bumba Meu BoiEnquanto o reggae colonizou a cultura musical de São Luis, a dança não tem expoente maior do que o Bumba Meu Boi. Reza a lenda que um escravo conhecido como Pai Francisco, para satisfazer o desejo da esposa Catirina — grávida e com desejo de comer língua de boi —, matou o animal predileto de seu senhor. Quando o abate do bovino foi descoberto, Pai Francisco fugiu da fazenda, mas logo foi encontrado e levado à força ao seu dono. Para castigá-lo, o senhor ordenou que ressuscitasse o animal e Pai Francisco pediu a ajuda a indígenas e feiticeiros. Com o trabalho espiritual realizado o boi, até então morto, soltou um forte mugido. O senhor, abalado pelo que tinha acabado de ver libertou o escravo e sua esposa dos trabalhos forçados que eram obrigados a servir. A lenda do Bumba Meu Boi sobrevive através de grupos folclóricos e, principalmente nos festejos juninos. Existem ao todo cinco “sotaques” do Bumba Meu Boi: Matraca, Zabumba, Orquestra, Baixada e Costa de Mão. O nome de “sotaque” se deve ao tipo de instrumento que cada estilo utiliza durante as apresentações.

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