GUSTAVO GUMIERO

Onde estão os melhores dos anos?

Gustamo Gumiero
12/04/2014 às 05:00.
Atualizado em 27/04/2022 às 01:47
ig - Gustavo Gumiero (CEDOC)

ig - Gustavo Gumiero (CEDOC)

Caro leitor, domingo lá estava ela. Pronta, fabricada em todos os sentidos, seja na “música” que canta, seja em seu corpo, com curativos no seu nariz e quase não podendo andar devido às suas mais recentes operações para afinar o nariz e diminuir os seios. Ao seu lado posavam outros dois galãs, fabricados também, é claro. Um desses três iria receber o troféu de “melhor música do ano”. E no ano anterior, a melhor “música” foi a de um certo carro amarelo, a qual, por sua vez, concorreu com outras “músicas”, como a de um outro cantor (?), que em sua letra dizia não importar se era vodca ou água de coco.   É melhor parar por aqui do que retroceder ainda mais, se não a decepção vai ser maior ainda. O sociólogo Theodor Adorno já escreveu sobre a regressão auditiva pela qual passamos. E isso nos Estados Unidos, nos anos 1950. Imagine hoje no Brasil! A mídia de modo geral tem um poder sobre nós, humanos. Ela fascina. Ela entra em nossos cérebros, invade nossa alma, cria mundos. No Brasil, é indiscutível o poder que o maior veículo de comunicação tem.   Ronnie Von e tantos outros já alertaram sobre os jabás milionários que estão sendo pagos às rádios para tocar os novos lixos musicais. É tudo comércio, a arte já não vale mais. E se é assim, mantém-se tudo como está, e não sobra espaço para letras que vão contra o sistema dominante.   A voz se cala cada vez mais. Mas não é o que o povo quer? O que se toca na rádio e o que se vê na televisão hoje não levam a nenhum momento de reflexão, a nenhum senso crítico. Por isso, o sistema se mantém e aumenta o seu poder. Simulacro, aparência enganosa. O que aparenta ser não é o que é.   Os grandes compositores já morreram ou não escrevem mais como antigamente.Não, a voz do povo definitivamente não é a voz de Deus.

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