NELSON JACINTHO

Onde estão os médicos?

Nelson Jacintho
14/04/2013 às 07:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:36

Em estudo detalhado da Demografia Médica Brasileira, feito pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e do Conselho Federal de Medicina, foi verificado que o Brasil alcançará a meta de 400 mil médicos em 2013, estabelecendo, assim a taxa de dois médicos para cada mil habitantes, isto é, um médico para cada 500 habitantes.

A região Sudeste, a mais bem servida, apresenta a taxa de 2,7 médicos por mil habitantes, isto é, um médico para 370 habitantes. A Organização Mundial de Saúde recomenda um médico para cada mil habitantes. Como vemos, temos mais médicos do que realmente necessitamos, segundo a OMS. Por que setores do governo vêm dizendo reiteradamente que precisamos de mais médicos?

Por que escolas tão bem aparelhadas foram abertas para a formação de médicos, sem que tivessem a devida capacidade para fazê-lo? Por que aconteceu a vergonhosa não aprovação dos médicos que foram se inscrever no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp)? Nesse exame 54,5% dos candidatos médicos foram reprovados! Por que o Governo Federal fala em importar médicos para suprir a suposta falta de médicos no país?

Como vemos, há excesso de médicos no país e, pelo jeito, muitos mal formados! O que está acontecendo? Há a má distribuição dos médicos! Por quê? Porque os médicos são mal remunerados, não querem trabalhar em locais onde não possam desenvolver todo o seu potencial, não tendo à mão os exames necessários para o diagnóstico, não tendo colegas de outras especialidades para em conjunto estudarem os casos de duvidas, não terem hospitais com mínimo de condições para internar o paciente que precisa da internação, de CTI em funcionamento para os casos de urgência, de ter medicamentos à mão para ser aplicado na hora de uma emergência, enfim, ter boas condições de trabalho.

Essa mesma pesquisa do Cremesp e do CFM revelou que os médicos estão em maior número, mesmo na região sudeste, nas capitais e nas cidades de grande porte. Aqui no Estado de São Paulo foi verificado que nas cidades de Santos, Ribeirão Preto, Campinas e Botucatu há mais de cinco médicos para cada mil habitantes, isto é, um médico para cada 200 habitantes! Em compensação, dos 645 municípios do Estado, 148 não têm médico residente no município!

Fato alarmante é que nas grandes cidades, onde há excesso de médicos, há grande falta de médicos na periferia! Isto acontece nessas cidades citadas acima! Como vimos, Ribeirão Preto está entre elas.

Por que se faz política de diminuição de impostos para a fabricação de automóveis, veículos que cada vez matam e provocam aleijãos em mais gente no país, lotam os hospitais e poluem o meio ambiente? Por que não se pensa na saúde do povo, criando novos hospitais, novos laboratórios, melhores condições de trabalho para os médicos e melhores condições de atendimento para os pacientes? Por que não evitar esses milhares de acidentes? Por que não se economizar na internação desses milhares de pacientes?

Que política é essa de fazer o cidadão comum se endividar cada vez mais, matar e aleijar mais, comprando carro, e não lhe proporcionando um mínimo grau de saúde? Não está na hora de se pensar grande, vendo o povo como a maior engrenagem da grande máquina que é o país? Não está na hora de criar boas condições para o exercício da medicina, para que os médicos se sintam confortáveis e felizes na sua prática diária, e os pacientes tenham médicos a vontade nos seus bairros, mesmo que sejam longe do centro?

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